domingo, 31 de maio de 2015

A dor engarrafada




Havia uma mesa no meio da sala, e eu estava em frente a ela. A sala estava parcialmente cheia e a meia luz. No centro da mesa tinha uma garrafa de tequila, e as luzes ali piscavam incessantemente pelo cômodo. As pessoas dançavam, e dentre todas aquelas almas dançantes meus olhos eram total paixão por ela, a tequila, é claro! Eu precisava beber para esquecer cada pedaço de você que havia ficado guardado dentro de mim, como um câncer que parecia crescer sem fim a cada dia mais. E eu realmente não aguentava mais, precisava me livrar de você! Mas eu te amava demais para isso, sentia muito sua falta, era uma tortura sem fim! Tomei minha primeira dose.

É engraçado como hoje em dia todo mundo é muito igual... Você era diferente, eu ficava bobo só de ver você andando, passando por mim, seu cheiro, seu rebolado, seu sorriso de tirar suspiros de mim igual doce de criança. O mais triste era saber que meu erro não foi ter se apaixonado perdidamente por você, por que você havia se rendido a mim também. E a gente viveu um amor nuclear, de explosões constantes de paixão, de momentos mágicos e singulares. Eu me lembro de te buscar na porta da faculdade e de todo mundo olhar para a gente como se fossemos de um outro planeta. Era uma química muito forte, você era o oxigênio que faltava para a combustão do amor que havia dentro de mim. E só de pensar que agora eu estava apagado, mais cinza que o céu triste de agosto, eu bebia outra dose.

As pessoas tendem a mudar pelo outro, se adaptar, às vezes esquecem inclusive de ser quem elas realmente são. E a gente era simplesmente e puramente nós mesmos, sem máscaras ou disfarces. Era de uma aceitação impressionante, eu não sei como poderia existir maior admiração mútua, por sermos quem éramos de verdade. Como você pode ir embora enxergando isso? Como pode me abandonar sabendo que estávamos tão bem sintonizados? Eu sinceramente não consigo entender o que é tão mais urgente que dois corações que se amam perdidamente e estão predestinados a ser uma onda única unissonante de amor. Tomei a terceira dose.

Cabisbaixo, visivelmente triste e desiludido com a vida no meio da festa, alguém me tira para dançar e eu sei que é porque querem tentar me animar. E o fato de todo mundo saber como você fugiu covardemente de mim me deixa mais envergonhado de mim mesmo, de ter se aproximado de você e não ter previsto a explosão que viria. Eu bebi a quarta e a quinta dose pensando em como seria bom ter você ali comigo... Você tinha uma energia fortíssima quando se aproximava de mim, seus lábios me atraiam como polos inversos de um imã. Eu sentia todo o desejo do mundo concentrado no seu olhar sedutor fixo nos meus olhos. A gente dançava sensualmente em cima de um palco de cabaré, você puxava meu suspensório e minha gravata vermelha, eu descia a mão pelo seu corpete até a sua cintura e te apertava forte junto ao meu corpo, e logo mais você dava as costas para mim de novo... Não sinto falta de você, sinto sede de tomar cada gota de paixão que éramos juntos. Cada gota da minha sexta dose.

Eu já estava alucinando e invariavelmente conseguiria te esquecer, era tão óbvio! Mas eu insistia em ser idiota, por que eu precisava por para fora a dor de ter perdido a coisa mais linda que um dia já havia passado pela minha vida. Como você era sensual e doce ao mesmo tempo, como era forte e sensível, como era bela e inteligente, como era tudo o que eu jamais conseguiria descrever como perfeição nesse meu mundo tão cor de rosa. Aprendi a não me iludir com a vida, aprendi a não criar demasiadas expectativas nas pessoas. Obrigado por isso... acho.


Aquela noite eu pus cada gota de você para fora do meu corpo. A ressaca ainda se prolongou por dias afora, mas eu aprendi a dizer nunca mais para essa dor. Temos que aprender a experimentar outras vidas, em outros bares do nosso coração, em outras projeções da nossa visão. Tão limitado somos em buscar o que ainda não entendemos tão bem. A falta de amor próprio. 


***GOSTOU? Curte ai e siga a página no face!

quarta-feira, 27 de maio de 2015

O encontro de pessoa nenhuma com nenhuma pessoa.




Nos conhecemos naquele dia em que eu me sentia a pior pessoa do mundo, eu sempre fui boa em me sentir assim até chegar a me autossabotar, eu estava no bar sozinha e de cabeça baixa deixei a minha tristeza passear por aquele espaço vazio. Ele se aproximou, se apresentou e ficou tempo suficiente para iniciar uma conversa profunda. Depois de alguns goles, que faziam eco ao cair dentro do meu corpo oco, ele me falou da sua família, dos seus hobbies, nomes dos quatro melhores amigos, todos animais de estimação, e de todas as suas inúmeras viagens. Ele parecia ter saído de um filme intelectual e com todo aquele intelecto conseguia fazer eu me sentir a pessoa mais especial do mundo, depois dele, claro. Eu falava o quanto estava cansada dessa vida de aparências. Ele me dizia que eu tinha uma visão negativa sobre as coisas. Eu falava do quanto perdemos tempo querendo provar o improvável para outras pessoas que, também, já estavam mortas em vida. Ele fazia caras e bocas sem entender o que eu queria dizer - ou se reconhecendo no espelho que eram as minhas palavras. Eu sentia. Seus argumentos soavam para mim como um teatro, um monólogo. Sua postura de Polyanna era apenas ele querendo se enganar, eu conheço essa fase de falar para o outro o que queremos e precisamos acreditar para continuarmos vivendo mesmo nos sentindo derramados e diluídos nesse enorme nada.

Aquele terno. Aquele português culto. Aquelas quatro línguas que ele tão bem falava. Aquele currículo assinado e recomendado por Deus. Aquele pós-doutorado. Tudo isso era desnecessário quando se tratava do que ele me fazia sentir ao lado dele. O que ele me dizia, sem palavras e sem toques, possuía uma linguagem universal. Eu sentia e pensava. Ele é só outra alma solitária junto a minha. Nosso encontro foi assim: pessoa nenhuma com nenhuma pessoa. Estávamos apenas nos enganando ao acreditar que as nossas almas solitárias não haviam se reconhecido. Ilusão. Há coisas que não precisam ser verbalizadas para existirem. 

Ele pegou o celular e começou a mostrar inúmeras fotografias sobre suas estadias mundo afora. Aqui foi em Berlim no local onde existia o muro. Aqui foi na Suíça. Esse café maravilhoso foi em Budapeste. E assim o monólogo angustiante e repressivo se seguiu. Eram locais lindos, porém o vazio do meu mais novo amigo era a única coisa gritante naqueles retratos; o vazio era a única coisa que eu reconhecia, o único local que eu também já havia estado e habitava naquele exato momento. A última foto do álbum me chamou atenção, mas ele não explicou sobre ela e foi logo guardando o celular. Perguntei em que canto do mundo aquele momento tinha sido congelado. Foi em canto nenhum, é só eu e meu cachorro na minha casa, ele disse. Que irônica é a vida, aquela foto em canto nenhum foi a única em que ele estava acompanhado de um amigo e de um sorriso. Talvez o 'canto nenhum' retrate onde ele deveria estar. Talvez seja o local de encontro com ele mesmo, mas ele não sabe, pois tanto eu quanto ele escolhemos viver onde nos sentimos mortos. 

Desviei meus pensamentos cortantes com um meio sorriso e continuamos a nossa meia conversa bebendo a nossa meia dose. Sim, continuávamos com a nossa meia vida, nossa meia existência, nosso quase nenhum amor próprio. Éramos eternos 'quase', éramos o 'talvez' das frases. A noite terminou com palavras engasgadas e com aquela sensação de que poderíamos ter feito e falado mais. Poderíamos nos salvar. A única certeza que ficou foi a de que estávamos preenchidos pela eterna dúvida de onde residia a felicidade, mas procurávamos respostas no Google acadêmico enquanto que aquela foto em canto nenhum traduzia tudo que precisávamos sentir. Amor.


***GOSTOU? Curte ai!

domingo, 24 de maio de 2015

Não sei mais o que fazer para esquecer você.


            Eu olhava para o relógio do meu celular e sabia dizer exatamente quantos dias, horas, minutos e até segundos faziam desde a última vez que te vi. Todas as vezes que eu aceitava dentro de mim que deveria te esquecer, o tempo parecia não passar. E quando se lembrava de você ali comigo, sentia como se já tivessem passado séculos desde a última vez que te abracei. Alguém me socorre aqui! Como é difícil esquecer um grande amor.

            Eu fechava os olhos e via seu sorriso na minha frente, então eu os abria, mas via na minha estante algo que recordava você. E eu abaixava o olhar para o chão, mas ainda existiam fios do seu cabelo no meu quarto. Eu olhava para cima, para o céu estrelado, mas todas aquelas estrelas brilhando tão distantes de mim me lembravam você. Eu sabia que tinha que ocupar minha mente, que deveria me distrair do mundo que criei junto a você, mas era travar uma luta dos deuses dentro do meu peito, por que você estava em todos os lugares. Você estava nas coisas mais belas.

            No bar com meus amigos eu buscava uma risada sincera dentro de mim, mas eu era corroído pela saudade dolorosa que havia ali. Todos tentavam me animar, e eu me sentia pior ainda sabendo que todo mundo enxergava como eu estava péssimo por sua causa. E se ninguém estava por perto eu voltava a me sentir sozinho e pensar nas possibilidades mais absurdas que poderiam trazer você de volta para o meu mundo. Como eu era ingênuo! Eu sempre fui bom nessa coisa de alimentar ilusões.

            Conheci uma moça loira nesse dia do bar e ela disse um “Oi, tudo bem?” com um olhar de quem sabia que eu estava sofrendo. Era horrível ter que fingir estar bem, quando dentro de mim tudo desabava e eu não achava onde me segurar. Voltava todos os dias para casa numa jornada que parecia uma eternidade, eu olhava para cada esquina e praça da cidade lembrando que em todos os cantos a gente já tinha trocado um beijo e um pedaço da nossa história agora perdida. Eu voltava num passo lento, puxando na minha mente cada resquício de você, e tentando aos poucos ir deletando aquilo da minha cabeça, e adivinha só? Missão não cumprida!

            Eu sonhava com você todas as noites, eram sonhos tão maravilhosos, de nós dois juntos, viajando, desbravando o mundo e se amando em cada paisagem que pudesse existir na Terra. Eu acordava vazio, frio, no silêncio. Eu tinha vontade de sair de casa de pijama mesmo, direto para o portão da sua casa, tocar a sua campainha e jurar todo meu amor por você ali mesmo, te pedir em casamento, te dar todas as estrelas do mundo e todos os beijos que um ser humano fosse capaz de dar... Mas que fraco eu sou! Ser rejeitado por você tem sido uma das mais duras realidades de  se aceitar até então na minha vida.

            As aulas eram mais cinzas, as tardes mais nubladas do que nunca. Foram tantas vezes que bati na sua porta e você não saiu, tantas vezes que te escrevi e você não leu, tantas vezes que me joguei aos seus pés, implorando um porquê e não tive a sua atenção, que eu acabei desistindo de te procurar. “Se ela te ama ela vai voltar!” Eu repetia aquilo que meus amigos diziam todos os dias comigo mesmo, pensando “me ame, me ame, ME AME PELO AMOR DE DEUS!” Sabendo que no fundo ela sequer estava pensando em mim, e que nunca mais nessa vida ela voltaria a tocar a campainha da minha casa.

            Eu parei de torturar todo mundo por causa de você. Eu fingia que havia passado, que eu não dava mais a mínima para você. Alguns amigos ainda perguntavam, e eu conseguia convencê-los de que suas memórias não habitavam mais meus pensamentos mais recentes. Eu até lembro de no mesmo bar de sempre ter encontrado aquela mesma loira de dias atrás, e quando ela me perguntou dessa vez se estava tudo bem, eu sorri um riso amarelo, que ela não saberia diferenciar sem me conhecer tão bem, mas podia sentir que eu estava melhor sim! Eu conversei, bebi e me diverti uma noite inteira com meus amigos, pela primeira vez, sem me lembrar de você.

            Dizem que existem várias fases do luto de um grande amor. Eu ainda acho que existe apenas uma, que chama “dor do caralho” e que demora MUITO para passar! “Cada um tem seu tempo” é o que dizem também, mas ainda acho que ninguém aprendeu a superar um amor tão rápido assim, que não dure quase uma vida. Eu comecei a jogar tudo que era seu no lixo, apagar fotos, formatar a minha vida inteira. Me entreguei a novos hobbies e costumes, e de fato aquilo ajudava, mesmo que você ainda estivesse em mim como o maior amor que poderia existir. Como dizem “Você só vai conseguir esquecer quando realmente quiser esquecer” e dessa vez eu concordei, por que a gente aceita que tem que esquecer, mas no fundo a gente não quer, demora!

            Eu já não chorava mais todos os dias, eu conseguia passar um dia sem sentir sua falta, talvez estivesse me acostumado à ausência. Eu de fato parecia estar curado, mas era impressionante como ninguém mais conseguia me cativar como você. Como todas as referências de amor ainda remetiam a sua pessoa. Eu não sofria mais, só que tinha medo de passar uma vida inteira pensando em você como o grande amor da minha vida que eu perdi. Eu estava ótimo, mas corria do amor. Só de lembrar da altura que cai, quando você foi embora e me largou em cima do nosso castelo sozinho, eu tenho vontade de nunca mais querer amar ninguém como amei você. As coisas mais belas ainda eram você!

            Eu mais uma vez no bar com meus amigos, lembro de contar pela milionésima vez a nossa história, só para eles me dizerem todas as coisas de sempre e me fazerem sentir mais confortado pelo trauma que foi ter te conhecido. Mas tudo bem! Eu estava bem, eu ria, eu contava piadas. Eu me esquecia de você logo depois de falar sobre você, e isso era fantástico! Eu encontrei mais uma vez a moça loira no bar, e dessa vez eu que falei com ela, sorrindo e realmente interessado na conversa casual que a gente tinha ali. 

          Eu me recordo de acordar numa manhã de sábado ensolarada, estava um dia maravilhoso! Coloquei o rádio para tocar bem alto e sai cantando e dançando pela casa. Eu não sabia da onde vinha toda aquela felicidade, mas estava ali, de repente, dentro de mim. Uma música nossa tocou, e eu nem percebi! Eu sai de casa e vi um casal sentado no banco da praça namorando, e eu sorri para o amor deles! No caminho de volta para casa, eu vi uma moça no ônibus com uma tatuagem linda de uma coruja em aquarela, e eu na hora, automaticamente, travei um diálogo comigo mesmo “Nossa, sabe quem ia adorar essa tattoo!? A loira do bar!” Peguei meu celular do bolso e enviei uma mensagem sem sequer ver que horas marcavam no relógio...


            
*CURTE AI!!


segunda-feira, 18 de maio de 2015

O mundo fictício no qual você me amava



Não digo a pior, mas certamente uma das mais amargas que já senti: A dor de amar alguém... e não ser amado de volta. Não ser correspondido é o pesadelo que eu assisto passar todos os dias repetidamente na minha cabeça, na eterna expectativa de que amanhã, quem sabe, o pesadelo seja enfim um sonho. E nessa brincadeira eu já estou tão cansado de sofrer que mal sei o que é dormir. A minha insônia é meu corpo se punindo para não ter tempo de sentir a falta que você me faz.

A gente se pega olhando para as estrelas e sorrindo sozinho, feito maluco, imaginando um mundo só nosso, onde você me abraça e o tempo que seria necessário para confortar nossos corações seja exatamente o mesmo. Aquele mundo ao qual eu arquiteto dia e noite na cabeça já há tanto tempo, em que você seria minha princesa, e da mais graciosa forma possível, eu te cortejaria com todo o amor que caberia dentro de mim.

Você sabe o que é o amor? Se o amor fosse fogo você seria um incêndio no meu peito. Se fosse vento você seria um furacão na minha vida. Se o amor fosse chuva você certamente alagaria cada pedaço dentro do meu coração. Engraçado pensar que incêndios, furacões e tempestades realmente te definam tão bem.. Mas amor sendo dor, você é da mais pura e lenta sentença de morte que se pode existir. Você é minha droga matinal, que eu continuarei consumindo para sentir toda a dor do universo. Por que eu prefiro sentir você aqui, da pior forma possível, do que viver vazio nesse mundo tão imenso.

Sabe aquela ansiedade que você sente antes de chegar o dia daquele programa maneiro que você planejou a semana inteira? Então, é a mesma sensação quando te vejo. Só que é uma ansiedade constante, de te ver todas as vezes e acreditar que em algum momento a sua ficha vai cair, e você enfim enxergará que não adianta procurar, você jamais encontrará alguém que te ame como eu. Por que, porra! Eu te amo pra caralho menina! Se quem passa na rua vê, porque é tão difícil pra você?

Tenho até medo do dia em que você vai chegar aqui e pedir para ficar. Por que acho que você não tem a dimensão das coisas. A gente vive dizendo que a vida é rápida, mas você realmente tem noção do quão rápida ela é? No mais a gente já viveu quase um terço dela. É muito tempo para ser jogado fora atoa, a gente não pode viver se baseando no que as pessoas acham, o amanhã pode ser tarde demais. Tarde demais de tantas maneiras possíveis, e todas elas demasiadamente tristes.

Eu queria que você deixasse eu velar o seu sono, que eu pudesse te dar carinho. Queria que você gostasse de receber flores, porque seria sim uma prova de amor. Eu gostaria de te levar para jantar, para viajar, para ver o por do sol. Queria que você entendesse que o amor existe sim, e que você pode não encontrá-lo aqui, mas você precisa aprender a procurá-lo.

Do fundo do meu coração eu desejo que você aprenda a enxergar que você tem uma sorte fantástica. Uma sorte de despertar corações por onde passa, de alimentar desejos em mundos diversos. Espero que você entenda um dia que o que eu tenho por você não é a mesma coisa daquele amigo fiel que te liga para perguntar se você está bem. É amor! É muito além! É fazer de tudo para garantir que você esteja realmente bem, custe o que custar. E geralmente custa tão caro... Infelizmente tem custado tão caro. Minha felicidade jaz perdida em algum canto por ai, esperando a gente ter aquela conversa que você prometeu, aquele beijo que você se esqueceu, aquele programa que ficou para depois e aquele compromisso que nunca chega.

Qualquer dia eu vou te levar para fazer uma trilha, e você vai perceber que mesmo que eu pudesse terminá-la em dez minutos, eu vou demorar quarenta, por que eu quero te ajudar em cada trecho e ir com você de mãos dadas até o fim, mesmo que custe metade do meu dia. Mas ao final, quando o cansaço bater nas nossas pernas e a gente estiver andando lado a lado sem dizer absolutamente nenhuma palavra, você vai perceber que se eu desacelerar o passo e inclusive parar de andar de repente, você continuará andando sozinha, e sequer olhará para trás para ver se estou bem... Sem ao menos perceber. É claro que é uma metáfora! Mas espero que você entenda que o desejo que eu tenho de viver com você, não tão cedo, e talvez não tão nessa vida, habitará o seu coração. Mas espero que você aprenda a valorizá-lo quando enfim encontrá-lo por ai. No meu eu futuro ou simplesmente em um outro alguém.

Porque você não vê! Mas meu amor, você é linda demais para não ser feliz!


***Gostou? Curte ai!!

>Para estar sempre por dentro dos textos nos acompanhe! 
Siga:

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Estou Tentando



Tenho um sentimento que carrego a algum tempo, que de alguma forma não consigo me livrar. Na verdade, sempre fez parte de mim. Um pouco de saudade e solidão que nunca seca. Às vezes fica raso. Às vezes cheio. Mas, na maioria das vezes, transborda. 

Não sei se deveria lhe informar, mas isso tem me consumido mais do que deixo transparecer. 

Basta apenas eu passar pela tua rua, ou ouvir uma música que me lembre você, que tudo ao meu redor se torna absolutamente triste e questionável. Desabafei até não aguentar mais para as minhas amigas, até cair em prantos e me cansar de ouvir sempre a mesma história. No fundo eu queria que elas dissessem o quão idiota você foi, mas acho que isso eu sempre soube. 

Estou morrendo por dentro a cada dia. E a cada um deles sinto uma dor diferente, como se estivesse se espalhando. Mas se há alguma pílula que me ajude a esquecer, Deus sabe que eu ainda não encontrei, mas eu estou morrendo por uma, Deus, eu estou tentando.

E as memórias vão fazendo uma trança nos fios de cabelo da nossa história. Passaram-se horas longas, dias demorados, semanas curtas, meses solitários e semestres complicados. Dias em que a saudade me maltratava mais forte. E eu precisava aguentar calada, quando a minha vontade era gritar ao mundo toda a minha dor e a falta que você me fazia. Estou viva, sim, mas não me pergunte como. 

Mas nessa vida estamos todos nos adaptando a alguma coisa. Todos! Eu, você, até mesmo a criança que mudou de cidade e precisa se adaptar a nova escola, mesmo que a sua vontade fosse continuar na escola antiga. Eu, bem... Precisei me adaptar a sua ausência. 

Para superar algo precisamos mergulhar nos nossos pensamentos e encontrar algo que nos dê esperança, e que nos faça querer seguir em frente. Precisei me reinventar. 

Sabe, finalmente decidi me abrir à novos caminhos. Fui a um bar com a minha turma da faculdade, com os quais eu não tinha muita intimidade. Mas pela primeira vez, em muito tempo, me diverti. Deixei que conhecessem a Sophí. A sua Sophí.
Foi daí que caiu a ficha que eu precisava virar a página, que por muito tempo ficou lá, impedindo a passagem de uma nova história. 

Não te odeio, porque sinceramente, você me fez é bem. Fui obrigada a amadurecer com mais pressa e aprender a conviver com a dor. Mudei. Não falo fisicamente. Se bem quê meus cabelos agora são mais longos e escuros, até me sinto mais bonita. Mas me tornei uma pessoa forte. 
  
Tudo bem. Não precisa se sentir tão culpada. Não foi. Ta passando. Tudo passa.


AutoraJuliana Gomes 

**GOSTOU? Curte ai!


segunda-feira, 11 de maio de 2015

Epitáfio



A campainha tocou solitária naquele fim da tarde de céu aberto. O crepúsculo era de um degrade roxo alaranjado e as nuvens simetricamente posicionadas formavam o quadro de uma noite magnifica. Pela porta do apartamento o vaso passou lentamente sendo depositado na mesa da sala. O vermelho era rijo e brilhante à luz de teto do lustre de vidro. 

Rosas são sempre uma ótima metáfora para a vida. O amor era vermelho, intenso e jazia no reflexo da janela da sacada, onde os corpos deitavam sob o tapete bege e riam incessantemente pela madrugada. Era um dia de cores vivas, no céu, no vaso, nos corações.

Corações cheios de vontade de se viver as doces e graciosas façanhas da vida. Tantas luzes brilhando e vidas cruzadas em segundos. O toque era extremamente macio em meio àquele barulho, se fazia suave em meio a todo o caos. 

Às vezes tudo que nós temos são os amigos. Mas não seria o suficiente? Onde encontrará de novo aquele abraço? Onde viverá de novo a emoção de ouvir o som das batidas do seu coração abrasadas ao seu abraço, sob seus braços, em harmonia com a existência prematura dos nossos passos tão céleres sob esse mundo?

Naquela noite o céu era preto, e alguns tons de cinza rabiscavam abstratamente o quadro do infinito acima de todos nós. Depois da porta, o lustre estava apagado, mas a luz do corredor tornava visível as cores tão vazias de vermelho que tomavam a mesa da sala.

O 'ser especial' é uma função primordial e elementar na vida de cada um de nós. É saber escrever histórias no coração dos outros, é se doar e receber de volta um pedaço de vida, tempo e lembranças. O egoismo é falta de respeito pelo amor que tu cativas no próximo, amor ao qual tu é eternamente responsável e detentor. Por isso o 'ser' é tão mágico, imprevisível e cheio de sentimentos bons e ruins que jamais serão exprimidos ou sentidos igualitariamente por corações que percorreram histórias distintas. 

Somos pequenos pedaços de um infinito quebra cabeça, mas contraditoriamente enormes demais dentro do coração daqueles que nos amam. Qual o valor disso? Pense bem.. O inevitável da vida é o mistério assombroso do fim. 

E o sol surgia tímido no horizonte, invadindo as persianas semi abertas e colorindo o já marrom desbotado das rosas, ao mesmo tom dos corações descompassados, que respiravam apressados, compensando a falta que outro ali se fazia.

Algumas lições são duras, alguns textos não deveriam ser escritos. Mas não existe volta no tempo, e o amanhã parece tão tarde, tão incerto. O medo é absoluto, contagioso, chega a ser tangível de toque, passando pela atmosfera, pesado, mórbido e demasiadamente triste. Se fosse o último dia da sua vida você perdoaria seus inimigos? correria atrás dos seus sonhos mais insanos? A quem você diria 'eu te amo!'? 

A beleza da incerteza. Tudo que nos cerca é demasiadamente efêmero para que nos apeguemos, para que seja prioridade por tempo em excesso. As pessoas são importantes, a gente esquece, elas também são rápidas, breves, minúsculas. É uma das mais belas dádivas conseguir enxergar o mundo dessa forma, o triste é tentar, e falhar, ao ensinar almas tão ingenuas e perdidas por aqui. 

Eu não escrevo por 'likes', eu não amo por amar, eu aprendi a pedir perdão mil vezes se convêm. Por que eu sei que arrependimento é dor que cresce sem fim no peito. Seja, por favor, grato a quem te dá. Aceite essa divida de amar o próximo. Chega dessa violência gratuita, verbal, física, psicológica. As lágrimas tingem concreto de uma cor invisível que não pode ser apagada jamais, são tons de desespero em gradientes de melancolia. 

Era tão pequeno, mas detinha de toda a dor do mundo. Nos olhos, no coração. Não é mais uma questão de ser 'um alguém', e sim ser 'humano', e sentir a vibração entre mundos, que classifica a destruidora verdade que ninguém quer aceitar. Da mesma forma que naquela noite não existia Colcci ou Vuitton, eram todos pretos de tecido e alma, alinhados ao pesar e sina de se viver. Que todos temem e fogem, dia e noite. 

A chuva era um turbilhão, as nuvens eram densas, os raios eram espasmos assombrosos. Mas no centro havia silêncio, paz e um pedaço bem pequeno de lembrança do 'ser especial' que cada um se recordava. A compaixão era distribuída em anestesias de memórias para a comoção de realidades despedaçadas.

Poderia ser qualquer um. Alias, um dia vai ser eu ou você, é a única certeza de se existir. A gente aprende que reclamar é um desperdício muito grande de algo muito valioso chamado tempo. 

Via ali as enxadas vezes compassadas, e às vezes alternadas. Era uma sinfonia em dó sustenido. Procurou em tantos timbres e achou enfim a melodia da cor azul. Tinha todo o frio e vazio que poderia existir no mundo, e ninguém mais era diferente, a não ser pelos cataventos coloridos, que mesmo tão distintos ainda rodavam no mesmo compasso dos ventos de outono. 

Longe dali as folhas cinzas e sem vida despencavam em silêncio, batendo com força na mesa o som inaudível e opaco do fim, da certeza de que a vida continua. Para que todos nós, antes de deixarmos esse plano, possamos viver em vida ao menos uma dose das coisas tão mais belas. 

Clique:

terça-feira, 5 de maio de 2015

Que culpa eu tenho de ser apaixonado por você?



Me diga que culpa eu tenho de ser apaixonado por você?

Pode me culpar, pode dizer que eu sou maluco, pode falar o que você quiser. Eu vou continuar surtando do nada, desaparecendo sem motivo e te amando por horas sem um porquê. Você não entende mesmo, eu juro que tentei te explicar, mas você jamais entenderá. Nossa amizade é muito para você, é demais para que você consiga entender que foram anos de mentiras, de máscaras. Foram anos de eu fingindo ser seu amigo quando na verdade o que eu mais queria era beijar a sua boca e mandar o resto do mundo se foder (sim, em 100% das vezes que eu te vejo).

Quantas vezes sou obrigado a ver você beijando outras pessoas, se apaixonando por outros caras, sentindo tesão por homens que (não por que eu te amo) são completos imbecis. Eu sei que não posso julgar gosto. Não posso escolher por quem seu coração decide se prender, por mais que você sempre se meta em algumas ciladas monstruosas. Mas eu to aqui, sempre estive, e o que mais dói é saber que você nunca vai me desejar como eu te desejo, nunca vai me querer como eu te quero, nunca vai enxergar o nós como o nós que eu sempre enxerguei.

Fantasias, ilusões, beijinhos roubados. Não importa a normalidade que possa existir entre a gente, não há vez que eu não me sinta o maior dos babacas do mundo. Por que eu seria capaz de fazer de tudo por você, de tudo. Eu te daria um mundo inteiro, eu pararia a minha vida agora por você. Mas você não é de romance, você não me enxerga, eu continuo no mesmo lugar de sempre, onde eu menos gostaria de estar.

Vamos continuar brigando, os dias sempre estarão contados para a nossa próxima desavença infantil e sem motivo. E você vai me culpar de novo, você vai ficar chateada comigo de novo. E tudo sem perceber que você me magoa dia e noite, que você pisa no pouco de amor que sobrou em mim depois de tantas experiências frustradas. Você vai continuar sendo um peso mesmo sendo a melhor amiga do mundo. Como dizem por ai a gente não serve para ser amigos, e eu já tenho aceitado isso com muito pesar no coração há algum tempo. 

E vai chegar a triste hora em que você deixara de fazer parte da minha vida, por que estamos destinados a isso. Eu só espero que você um dia, enfim, consiga entender que eu vesti a fantasia de amigo por anos, por você, na expectativa que um dia você pudesse cultivar algo de mesma magnitude por mim. Mas infelizmente a gente cansa, por que ninguém merece nosso esforço integral, por que um dia a gente percebe que não, não existe amor ali, e por isso não devemos nos demorar.

Não espere mais dez anos para aliviar seu coração. Eu sei a dor que é, gostaria de não entender bem sobre o que digo aqui, mas vivo dia e noite o drama de ser o amor que você recusa a aceitar mas nega a deixar partir. Por favor, me deixe seguir meu caminho, que seja solitário, que seja triste, que seja cheio da pior dor do mundo, mas que não tenha você sorrindo para mim todos os dias sem eu poder ser o seu único porto seguro, e você minha eterna sina, meu purgatório de pecados, minha punição por cada coração partido que eu deixei por ai. Dói.

***CURTE AI!! 

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Se tivesse dado certo não seria eu


Grand' Hotel - Kid Abelha

Mas se tivesse dado certo certamente não seria eu. Por que eu tenho essa mania de estragar as coisas, de ficar inquieto e querer mexer no que tá certo. Eu tenho esse fogo de não conseguir manter firme as coisas já tão belas. Eu quero modificar, eu quero mudar, eu quero virar do avesso. Só que eu sempre me esqueço que ninguém nasceu assim, maluco igual a mim.

Não que eu me arrependa de ser essa metamorfose ambulante, mas às vezes me pego pensando nas coisas as quais perdi por ser assim. Principalmente nas pessoas que perdi por ser assim. Não foram poucas não, eu acho que eu já fui mais eus que eu líricos em textos meus. Não são mascaras nem disfarces, são estágios e evoluções incessantes. Incrível como a gente muda, como as pessoas nos fazem crescer. O triste é quando aprendemos que cada um tem sua velocidade, e que ao final alguém sempre ficará para trás.

A gente tinha aquele romance bonitinho nada clichê, aquela novela semanal nossa, aquela rotina que conseguia prender um maluco oscilante como eu. Só você mesmo para tirar de mim todas aquelas opções de fast-food e me fazer virar cliente número um do Spoleto. Só você para transformar o cinema na minha segunda casa. Só você tinha aquele dom de fazer eu não ser exatamente eu. E eu particularmente adorava isso.

Enquanto todos os casais curtiam aqueles jantares românticos e baladas de sábado, a gente fazia compras no shopping e zerava todos os jogos de vídeo game que comprávamos toda semana na feira. Você era um tanto peculiar, você tinha os gostos fantásticos, você me ensinava sobre a DC e a Marvel, você sabia mais sobre a Disney do que eu, você tinha a estante incrivelmente mais nerd que a minha. E isso te tornava, dentro de um mundo particular meu, perfeita.

Se não tivesse que querer mudar as coisas não seria eu. Essa coisa chata de achar defeito em tudo, de querer mudar as pessoas, de querer moldar comportamento alheio quando essência não se modifica. Oh teimosia desgramada essa minha de cutucar ferida cicatrizada. Eu às vezes acho que mereço sofrer um pouquinho, às vezes mereço mesmo. Para que ser tão teimoso, tão egoísta, tão perfeccionista? 

A felicidade está nas pequenas coisas, no sorriso que ninguém viu, no abraço que só você sentiu. O amor não é tão maleável assim, não é variável, inconstante. Ele simplesmente é. E quando 'é' a gente aceita. E quando a gente deixa de aceitar o mundo roda e fica dependurado sob nossos preceitos pessoais tão mesquinhos.

Com certeza se sua vida cruzasse a minha hoje, tudo seria diferente. Eu não sou mais o menino que costumava ser. Eu evolui, metade dos defeitos passados ficaram para trás, alguns permanecem, é claro, ninguém é perfeito. Sei que você também. Mas de qualquer forma, talvez hoje você não fosse quem você é se não fosse por mim, assim como eu não seria quem sou se não fosse por você na minha vida. São os acasos graciosos da vida. Nuances de realidade, probabilísticos e impossíveis, no presente já vivido que está escrito a caneta no peito de cada um de nós.

Eu sinto sua falta também. Você era, antes de um grande amor, uma amiga fantástica. Sua companhia quando recordada só traz saudades. Talvez tenha que ser assim mesmo, as pessoas mudam, não tem jeito. Ás vezes ainda acho que ninguém merece um maluco como eu, mas na verdade, eu que peço desculpas, por ter deixado você partir da minha vida de uma forma tão... tão infantil, é.

Mas cartas passadas ainda trazem boas lembranças, garanto que você as tem ai também. Eu to bem sim, obrigado. Agora eu trabalho, tenho meu dinheiro, continuo amando a Marvel e a Disney, e aposto que minha estante é muito mais nerd do que a sua, enfim. Mas nunca mais a lasanha do Spoleto foi a mesma...

Você pode não ter sido o amor mais intenso, a historia de amor mais bonitinha, a pessoa que mais cativou meu mundo, mas sem dúvida, você foi única, e me deu a melhor amostra do que se é partilhar uma vida a dois. Obrigado!

Sabe, eu sinto falta de muitas coisas. Os jogos salvos no meu Wii continuam na mesma fase, seus recordes do Just Dance continuam em 90% das músicas (tenho gingado também ué), no espelho ainda vejo o desenho que você deixou como marca que passou por aqui. Mas o que mais sinto falta era quando de manhã eu acordava e me encostava na sua cama, o sol já atravessava a janela entreaberta do seu quarto, e quando você abria os olhos sonolentos o verde invadia todo o comodo, invadia meus olhos e tomava todo o meu mundo, de uma intensidade que eu nunca fui capaz de exprimir em palavras e de te contar.

Mas nessa vida o importante é ser feliz, meu amor. Então continue sendo, você merece muito mais!

***Curte ai ;)