segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Quanto Custa O Seu Amor?



Eu vim aqui hoje para lhe perguntar: quanto custa o seu amor?
Diga por favor, eu quero compra-lo só pra mim.
Não importam quais sejam seus sonhos, eu vou dá-los a você, me diga, eu pago. Por que o importante é estar ao seu lado.

Eu posso lhe dar a melhor bolsa da Louis Vuitton, posso te levar fazer comprar no shopping, você quer?
Eu posso te dar Prada, Cartier e Lanvin. É só me dizer o que você precisa. É só me apontar o caminho que eu sigo. Eu posso comprar uma casa na praia pra gente. Posso comprar um carro zero pra te levar passear. Posso te dar os diamantes mais caros do mundo.
Diga-me quanto vale seu sorriso aqui comigo?

Posso te dar saias Chanel. Posso te dar um Rolex, o que você desejar. Posso te levar viajar pelo mundo, você sonha visitar que países?

Diga pra mim qual o valor, eu posso pagar a vista, ou até em doze vezes, mas eu posso lhe dar seus desejos. Posso te dar um cartão de crédito só seu, posso pagar suas contas, posso te dar chocolates suíços. Diga-me o que você quer.

Vou te dar Gucci ou Christian Dior, qual você prefere? Vamos comer em restaurantes caros toda semana, que tipo de comida você gosta? Posso te dar tudo o que você quiser. Venha comigo que eu vou te dar todas as pelúcias da cidade, todos os sapatos da loja, e mais, e mais, e mais.

Então me diga. Quanto custa uma chance pra fazer parte do seu mundo? Eu posso pagar. Dê-me a sua cifra que eu faço um cheque, talvez a gente deva se conhecer melhor.


E eu não me importo, mesmo que no final o capitalismo se transforme em um passado clichê e démodé, eu posso lhe dar flores roubadas dos campos floridos e posso lhe fazer juras de amor verdadeiro em canções e poesia, mas me diga, por que o importante é estar ao seu lado.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Bom dia.




Ela estava deitada na cama toda coberta e com a cabeça apoiada na mão direita, ela olhava fixamente para ele ali em pé “não vai apagar a luz?” E ele sorriu dizendo que ela estava linda e queria vê-la por mais cinco minutos. Até que a luz se apaga e ele deita ao seu lado. Debaixo da coberta eles se abraçam e ela encosta a cabeça no seu peito e repousa a perna sobre a dele.
Ele a beija gentilmente e ela diz “boa noite amor”. E a noite fria cai pelas pequenas aberturas da porta e da janela naquele grande quarto escuro. Dentro da sua mente algumas coisas lhe ocorrem e quando percebe ela já está adormecida ali em seus braços. Ele se recolhe um pouco acima e fica ali de cima admirando seu sono. Adora observá-la dormindo, toda a inocência e beleza reluzindo pela pouca luz que entrava ali.
Ele gentilmente passou os dedos pelo seu rosto e sorriu, e logo mais beijou suas bochechas e sussurrou “eu te amo” na sua orelha, ela num sonho distante apenas esboçou um sorriso, sabendo que estava segura e longe de todo o mal. A noite varou os dois corpos juntos e quentes como se fosse um descanso divino.
O sol começava a abrir feches de luz no quarto e ele abriu os olhos. Ela ainda dormia feito pedra ao seu lado, ele sorriu e ficou por ali uns cinco minutos antes de beija e dizer “bom dia meu amor” ela lentamente se espreguiçou e abriu os olhos retribuindo o sorriso, eles se abraçaram ali no meio dos edredons por mais meia hora.
“Preciso trabalhar” dizia ele levantando da cama quente, e ela com o cabelo despenteado e os olhos de sono fazia cara de chantagem o obrigando a voltar para lá. “hoje está um ótimo dia pra você passar o dia todo aqui comigo” dizia ela apalpando o vazio do seu lado no colchão, ele sorriu e se aproximou “bem que eu queria querida, mas tenho compromisso” e ela então o beijou e desejou que voltasse logo para ela. “por que a vida é assim? Você poderia ficar comigo todo o tempo” E ele sorria com aquelas palavras. “bom, eu preciso ir até o centro comprar o restante do material pra gente terminar a nossa casa na árvore, não é seu sonho? Então, eu preciso realiza-lo pra você minha linda.”
Ela se sentou na cama ainda coberta pelo edredom e encostou a cabeça no seu peito “eu sei meu amor, mas às vezes queria você só pra mim, o dia todo.” E ele quase não podia negar que queria a mesma coisa, mas foi dizendo “sabe, eu escolhi ser engenheiro civil por que é exatamente como a vida, para todos os problemas existem várias soluções, só cabe a você analisar o preço que se paga por cada uma delas” e ela ia ouvindo e se aconchegando em seus braços. “vou resolver alguns problemas, mas já volto, você terá a vida inteira pra ficar comigo, não se preocupe”
E ele sorriu para ela e a beijou na boca por longos minutos, olhou para o relógio e começou a pegar suas coisas, ele deu um beijo na testa dela e foi saindo até a ouvir dizer “espera” ele parou repentinamente, olhou para trás, ela ainda estava coberta na cama, mas continuava linda como sempre. Ela enviou um beijo e um “eu te amo” e completou antes que ele saísse e apagasse a luz. “Volte logo, eu vou estar sempre aqui, te esperando!”



terça-feira, 13 de agosto de 2013

Antes das oito.






Ele acordou num salto repentino da cama e se dirigiu ao banheiro. Estava atrasado e com toda a pressa mal se olhou no espelho, pegou as coisas e saiu de casa. As pessoas na rua já estavam agitadas e correndo para seus respectivos trabalhos. Algumas passavam por ele e nem se quer o notavam, um rapaz de terno e cabelo penteado para trás até esbarrou nele, mas nem olhou para trás para ajudar o rapaz que agora estava recolhendo sua pasta do chão.
Ele chegou ao trabalho e entrou no elevador e outras sete pessoas se apertaram naqueles quatro metros quadrados. Algumas se entreolharam e se cumprimentaram, algumas conversas paralelas se iniciaram e ele ficou ali no fundo, apenas ouvindo. Sentou na sua mesa de trabalho e começou a mexer na papelada, as pessoas passavam por ali correndo a todo instante e todas as quinze mesas que haviam naquela sala estavam cheias. No intervalo ele via as pessoas conversando sobre o final de semana, sobre o futebol na TV, ou sobre a festa na piscina, mas ele sentava naquela mesa enorme e almoça sozinho.
Durante a noite ele passava o cartão de identificação no leitor e passava pela catraca da universidade, se sentava ao fundo daquela sala enorme com quase oitenta pessoas, e ficava ali, observando todos e ouvindo o professor lecionar por entre sussurros e planos de faculdade. Ninguém que passava pela porta de madeira desgastada se quer lhe cumprimentava, e ele até que por certo lado ficava agradecido.
A balada do final de semana era a melhor da cidade, quase faltava ar pra se respirar em meio a tantas pessoas, e ele ali sentia as pernas doerem depois de algum tempo, se pegava olhando para aquelas pessoas e tentando traduzir seus comportamentos, bêbados, alegres, tristes, dançantes, uma mistura louca de vidas que jamais cruzariam a dele. Ele dançou sozinho até o sono bater e voltar para casa.
As coisas não andavam bem, ele se sentia sozinho, onde estavam todos afinal? Ele podia ver uma centena de pessoas, mas era como se ele não estivesse ali. “Talvez a culpa seja minha”, e talvez realmente ele quisesse ficar só, mas em algum lugar dentro daquela pobre alma alguma necessidade primitiva o empurrava a compartilhar seus pensamentos com outras pessoas, e ele escrevia, mesmo que ninguém lesse, era seu refúgio. E depois de tanto tempo vivendo em trevas ele teve seus cinco minutos de paz, quando parou aquela noite na frente do espelho e pode ver que não estava ali, não existia, era apenas uma projeção da mente complexa de um louco suicida.


segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Vem que eu sei que é amor.



Vem
Vem que eu te espero
Vem que eu te quero
Vem que tudo o que é nosso está aqui
Esperando por nós dois

Vem
Vem viver a vida ao meu lado
Vem que eu te mostro o caminho
Trago-te mil rosas roubadas
Vem que eu te dou carinho
Vem

Vem por que eu preciso de você
Preciso do seu beijo
Preciso do sorriso
Vem
Que eu sei que é real
Que eu sei que nunca vai encontrar nada igual
Vem que eu te dou seus sonhos
Entrego-te minha vida
Vem

Por que sua cama está vazia
Seu lençol está frio
Vem deitar no meu peito e dividir o meu calor
Venha por que aqui cabemos nós dois
Dou-te a minha casa
Vem morar comigo
Dou-te um emprego
Pago suas contas
Contemplo sua alegria
Vem que o tempo não espera
Não pense que já era
A gente nem começou

Venha-me que tudo te ofereço.
De tudo me rendo ao teu olhar
Vem que o amor nos guiará
Você não se arrependerá
Eu vou te levar
Pra ver o por do sol.

Vem por que as noites estão frias
E só tua companhia
Pode me libertar
Vem que eu digo baixinho
Na tua orelha de manhã
Que nascemos um pro outro
De um jeito ou de outro
Venha

Venha que nós somos únicos
A vida é uma só
E eu te espero
Além dos erros e dos atalhos
Vem

Vem que você sabe o que você quer
É bem o que você merece
Meus braços te chamam
Meu corpo te deseja
Vem que o que vem é perfeição
Vem que o que você tem é meu coração

Se você leu esse poema então venha
Por que no fundo você sabe o que te espera
No outono ou primavera
Na saúde ou na miséria
Dou-te um filho te dou uma vida
Vem que a porta está aberta
Entra e não saia daqui

As manhãs precisam de você
Ao meu lado com beijos de bom dia
Mas venha
Pra saciar esse calor
Pra romper com essa dor

Venha que de você eu só quero amor.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

O Dia Que A Terra Parou!



     Vinha vindo devagar e ajeitando delicadamente o carro na vaga pintada ao chão. Ela desceu com o pé direito e um vento soprou seus cabelos loiros sentido norte-sul, ela olhou o sol no topo do céu azul com aquelas nuvens de algodão doce fazendo desenhos de criança, e com sua bolsa de couro no ombro foi caminhando até a padaria da esquina.
            Ela entrou ali e notou que não havia ninguém no caixa do estabelecimento, se dirigiu ao balcão e ficou ali paquerando alguns pães doces, e só alguns minutos depois reparou que era a única pessoa ali dentro. Ela bateu a campainha duas vezes em cima da mesa e ninguém apareceu. Ela podia ouvir a própria respiração, e isso lhe deixou atormentada, desceu mais umas oito cacetadas na campainha de metal que ecoou por toda a padaria e depois se silenciou mortalmente com o ar que entrava nos pulmões dela.
            Ela saiu assustada dali e quando chegou à rua não notou se quer um movimento de vida, sem carros, pessoas ou animais. Ela dirigiu o olhar ao relógio e ele marcava três horas da tarde de um sábado de agosto. “Deve ser brincadeira isso!” e ela correu pela avenida buscando alguém e não achou nada que não fosse seu próprio reflexo nos grandes letreiros que se estendiam pela vitrine das lojas.
            Ela entrou em cinco ou seis estabelecimentos e todos eles estavam abertos, mas completamente desertos. Desesperou-se. Foi até o telefone e discou automaticamente um número, e quando ouviu a voz do outro lado respirou aliviada por um instante. “Olá, você ligou para um número restrito, no momento ele não se encontra em funcionamento”. Ela levou as mãos à cabeça quando notou se tratar de uma gravação, e de repente olhou pra tudo aquilo em volta e percebeu que não sabia onde estava.
            Ela abriu a bolsa e estava vazia. “qual o meu nome?” ela não sabia onde morava e saiu em pânico atrás de ajuda gritando por socorro, e mais uma vez, o único som era o do seu sapato martelando o cimento frio. A tarde caia e o sol se retirava escondendo-se por entre as montanhas no horizonte. Ela por esse horário roía as unhas sentada no meio fio em algum lugar qualquer. Foi quando ouviu um barulho.
            Não, dessa vez não era ela, vinha de algum lugar à direita da sua posição, e ela saiu em disparada até lá, seguindo aquelas vibrações sonoras como um cão farejador. Deu em um prédio antigo com vigas robustas de concreto, e no centro dele havia uma porta de madeira toda trabalhada a mão, onde uma fresta indicava uma luz lá dentro, e o som passava por esse vão. Ela entrou ali e viu sombras se movimentando, respirando aliviada ela ergueu as mãos “graças a Deus encontrei alguém, vocês poderiam...” e ela se deparou com uma enorme sala vazia, onde um retroprojetor reproduzia um filme em uma enorme parede branca. Ela perdeu o folego por alguns segundos antes de sair dali.
            A noite já era densa e ela estava atormentada, começou a ouvir vozes, passos, e pessoas a seguindo, mas não conseguia vê-las, e podia sentir que esses vultos da noite queriam lhe ferir, ela correu alucinadamente pela rua, passou por alguns quilômetros de asfalto e em cada esquina observava e sentia um monstro da sua imaginação lhe pregando uma peça. Quando faltou energia e a última gota suor caiu do seu rosto ela se esbofeteou no chão quente da madrugada, virou-se e olhou a lua cheia no céu, as estrelas, uma a uma, foram se apagando até que a lua desapareceu, e a escuridão tomou conta de tudo que havia ali.

            “Ahhhh !!!” um grito rompeu a noite estrelada, ela abriu os olhos e sentiu a cama molhada de suor, suspirou aliviada por estar acordada. O relógio marca três horas da madrugada, de um outro sábado de agosto e ela buscou nas cobertas ali a mão e o peito daquele que lhe ofereceria a paz depois daquela imensa estória da sua mente. Ela não achou ninguém ali, jogou os edredons ao chão e viu que naquela cama imensa só havia uma pessoa, ela mesma, e o pesadelo só estava começando.