Um dia todos nós vamos morrer.
Um dia todos nós desapareceremos
dessa existência. E me diga o que é que restará?
Daqui a gente não leva nada, nem
dinheiro, nem troféus, nem nada que se possa intitular ou comprar. Então, o que
é que sobra afinal?
Deixamos apenas a nossa marca por
aqui... Quando eu não habitar mais esse plano o que vai ficar de mim serão as
boas ações que pude fazer, serão as cartas que escrevi, as pessoas que amei, os
sonhos que compartilhei, as palavras que joguei ao vento e viraram história nos
ouvidos alheios, os inimigos que eu fiz, as palavras rudes e desnecessárias que
saíram da minha revolta, o meu amor por aqueles que me deram motivos para
viver, a minha história gravada nos textos que escrevo, nas músicas que eu cantei
e na boca de cada um que viveu e conheceu um pedaço de quem eu sou.
Há quem um dia preencheu sua vida de
maneira tão singular e intensa que hoje ao ver essa mesma pessoa tão longe e vazia
de significados no atual presente nos deixa um amargo pesar na alma.
Eu gosto de ficar, até mesmo quando eu
tenho que ir embora eu gosto de ficar. Não importa o que aconteça, me leve com
você. Eu sou do tipo que escreve cartas, que frisa centenas de vezes detalhes
olhando no fundo dos olhos. Eu gosto de deixar a minha boa impressão nas
pessoas, mesmo naquelas que um dia eu magoei, elas terão algum lugar para
confessar que eu já deixei algo bonito de mim marcado nas suas vidas, que hoje
vibram em outros timbres longe da frequência da minha.
E de você? O que eu vou levar? Daqui
um tempo quando nossos caminhos se separarem, quando não trocarmos mais
conversas cotidianas, me diga o que eu vou ter de você. O que você me escreveu,
que presentes me deu, que surpresas me fez, me diga aonde vou olhar quando
quiser lembrar que você já habitou um pedaço importante do meu coração?
É triste pensar em como as pessoas
não demonstram, como sentem medo, como não enxergam que o futuro apagara tantas
lembranças e recordações, e que restará apenas o cinismo. Eu queria guardar um pouco
de amor seu aqui comigo, algumas cartas, umas noites quem sabe, talvez um
presente, uma lembrancinha, um papel de bala. Mas tudo que sobrou foram meus
presentes a você, que voltaram e criam poeira no topo do meu guarda roupa.
Há tanto não te vejo, há tanto não
te beijo. Ainda me pergunto se me lembro do seu perfume, que tão rápido deixou
de habitar os meus lençóis naquela tarde de sexta feira. E eu aqui em outra
sexta feira tão longe, me perco em risadas e entre amigos, olho pra tudo e me
pego de novo madrugada a fora dirigindo na cidade deserta, os vidros molhadas
de sereno e eu dentro do carro silencioso cruzo os semáforos vermelhos pensando
comigo aonde é que nos perdemos exatamente. Uma madrugada tão fria e silenciosa
que explode em ecos de pensamentos quando cruzo a esquina da sua casa, mais uma
vez.
Sábado à noite as pessoas esbarram
em mim e pisam no meu tênis, mas eu sorrio de volta e sento num canto onde
possa observar cada um ali. Debruço minha cabeça no ombro de alguma menina
bonita e conto quantos sorrisos passam por mim dignos de uma paixão tão sensual
e pura como a minha por você. No meu dicionário eu ainda não conhecia amor sem
rosas, carinho sem afeto e boa noite sem beijos sinceros.
Quem no mundo não gostaria de um
amor tranquilo, com promessas e juras de amor. Até mesmo você sonha com isso,
tanto que não alcança a realidade do buraco em que caímos. A madrugada caiu de
novo e eu me permiti me apaixonar pelos sorrisos que ali cruzavam meu olhar.
Juro que cheguei a me encantar com um deles, tanto que me esqueci completamente
de você naquela madrugada, me faz pensar que é só uma questão de tempo para eu
voltar ao inicio do texto e lembrar que se um dia você me amou, mesmo que de
forma ínfima, você se esqueceu de demonstrar com mais afinco e coração aberto.
Dê uma olhada na nossa história escrita pelos cantos do seu quarto aonde você
guarda tudo aquilo que eu te dei, e saiba que daqui um tempo você ainda terá tudo
de um amor que ficou perdido, enquanto eu me contentarei com o esforço de
tentar recordar de todos os momentos bonitos que tivemos em meio a tanto caos...
Mas mesmo antes da madrugada acabar, e eu deixar aquele sorriso novo e bonito para
trás, eu volto pra casa desejando você mais do que tudo nesse mundo.
Não posso mais te dar a parte mais
bonita de mim, você já a tem e não parece merecer tudo isso. Eu ainda espero
que você entenda o que você está jogando janela afora com argumentos e prisões
pessoais de fundações tão rasas. Espero que não seja tarde, espero que não se
arrependa, espero que não viva uma vida inteira se lastimando por não ter
tomado a decisão que seu coração gritava dentro de você... Vou fechar aqui esse
décimo sexto texto falando sobre você, por que já sinto que desperdiço amor
dando ele a quem não me dá nada em troca. Tudo acaba tão vazio. Espero que se
um dia voltar a escrever sobre você seja pra dizer como você me faz feliz, mas
tudo depende de você e da sua incansável busca por respostas. Até lá eu vou
viver minha vida e apostar talvez em outros sorrisos, buscando alguém que
realmente mereça minhas cartas, meus textos, meu tempo, meu amor. E só o tempo
pode tirar o seu posto do meu coração.
Independente de quem eu vá amar
amanhã, fazendo loucuras com poesias e rosas, eu espero que seja breve. Por que
aqui dentro habita uma angustia infindável de encontrar afinal alguém que
desminta que o mundo está cheio de pessoas vazias e incapazes de amar um louco,
instável, cheio de defeitos e sentimental apaixonado como eu.
****CURTA aqui embaixo se gostou. Obrigado.