terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

O Vestido Vermelho

   



   As luzes piscavam e se remexiam compassadas com rapidez e certa cronologia, mudavam de tonalidade e ofuscavam a minha visão. O martíni molhava a manga da minha camisa e de repente a música sessou. Em uma epifania momentânea eu olhei pro DJ e pensei "Que caralhos estou fazendo aqui?" A música voltou, mas eu não, fiquei ali parado, por que de repente eu me lembrei que não sabia dançar.
   Dei de costas para as luzes e me dirigi sentido mais-menos aglomeração de pessoas. Passei por alguns grupos e sai do recinto com um incomodo nas costas de suor, mas não sei de quem exatamente. Cheguei a um terraço vazio, absurdamente escuro apenas com a luz iluminando a superfície aveludada daquele fim de mundo que eu estava. Antes de me perder em mim ouvi alguém transando debaixo do deck e me senti como um intruso. Ao me virar para ir embora apressado me esbarro com a moça no vestido vermelho.
   Agora eu tinha outro copo de outra coisa alcoólica na minha camisa, só podia pensar em um longo banho. Estendi a mão para a moça dos cabelos morenos que chegou a cair no chão com o impacto e ofereci as minhas desculpas. Ela aceitou as desculpas, mas de repente, arrependido por dentro eu fiquei ali por longos minutos. Ela não parava de falar. Não sei bem o que ela dizia, eu estava pensando como iria sair daquele lugar, alias, como eu cheguei?
   A última coisa que me lembro era de ter parado um instante para olhar a morena e só então percebi que ela era linda. Logo depois estava deitado nessa cama grande com o sol batendo no meu rosto. As roupas estavam no chão juntas ao vestido vermelho, olhei pro lado e a nudez invadiu meus olhos de uma maneira satisfatória, que maravilha se eu me lembrasse de alguma coisa.
   Levantei, não sei o que procurava, mas achei o que eu não procurava, problemas. Um documento ali jogado na mesa dizia que o vestido vermelho pertencia a uma tal de Fernanda que a data de nascimento acusava 17. O medo tomou conta de mim gradativamente em câmera lenta até dar de cara com os portas retratos de família. Cai no chão tentando me vestir.
   O barulho acordou a jovem que se virou ainda com os olhos fechados e de frente pra mim me fazia pensar "mas que corpo maravilhoso meu Deus do céu". Conseguia me envergonhar de mim mesmo dentro da minha cabeça e pensando rapidamente terminando de abotoar as calças perguntei "por acaso você sabe meu nome gata?" Ela franziu a testa e disse que não, mas que achava que era Rafael. Eu não sei quem caralhos era Rafael, mas ele me devia uma. "Isso mesmo gata, estou indo ao banheiro." E antes de bater a porta da frente ainda pude ouvir algo do tipo "e você não quer saber o meu?" Eu pensava ali comigo saindo pelo portão "Eu sei, você é a Fernanda, do vestido vermelho, de 17 anos, filha do pai de farda policial que constava no porta retratos da sala de estar."
   Olhei para os lados na rua, e a mesma pergunta de novo ressoou "o que caralhos eu estou fazendo aqui?" perguntei pra alguém na rua e puta que pariu como eu estava longe de casa. Peguei um ônibus e dei sorte de ter dinheiro no bolso. Cheguei em casa, tomei um banho e imaginei ser preso por algo que eu nem lembro. Porra!
   O dia despencou em uma noite fria e agradável, a ressaca não existia, mas me incomodava o fato de ser um puta irresponsável. Estava quase me convencendo que era um cara descente até o telefone tocar. "Oi, é Fernanda..." dizia a voz do outro lado. "MAS QUE CACETE, COMO VOCÊ TEM MEU TELEFONE, SUA DESGRAÇADA?" eu pensei, só pensei e calmamente disse "como você tem meu número gata?" e ela disse que eu havia esquecido meu celular na sua cama. Mas que sujeito burro eu sou, se tivesse que esconder um cadáver era capaz de abandoná-lo no laboratório forense do CSI de tamanha esperteza.
   Peguei outro ônibus, cheguei na casa dela, era sábado, estava de noite, a casa continuava vazia e ela estava de camisola, e só pra constar ainda muito gostosa. Peguei meu celular e evitando contato visual tentei sumir dali. Ela me segurou e puxou tentou me beijar e eu desviei ao estilo Matrix. Ela ficou triste e perguntou se eu não havia gostado da noite. Eu nem lembrava da porra da noite, mas disse que gostei e estendi prolixamente as desculpas. Quando alcancei a porta de saída ela disse "mas você não vai ficar pra comemorarmos?" Minha curiosidade poderia ser meu túmulo hora dessas, perguntei o que raios iriamos comemorar (minha morte ou minha prisão?) pensei.
   Sorriu graciosamente e só então notei uma fita vermelha no cabelo dela, era do mesmo vermelho e tecido do vestido da noite anterior, "mas que gay eu aqui reparando em tecidos" pensei comigo. "você ouviu?" dizia ela, e eu tive que dizer que não, mas ela repetiu, e de repente eu não tinha mais medo. Era o seu aniversário, e eu não podia estar mais feliz, agarrei-a no meu colo "tenho um presente pra você" e a levei pro quarto, antes de começar a rolar pelos lençóis ela disse que seu pai chegaria pela manhã, e eu respondi "foda-se". Eu não queria ser um rapaz descente, eu era de fato um puta de um cafajeste sem solução. Transamos a noite toda.

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domingo, 23 de fevereiro de 2014

A menina que tinha namorado.

            


            Era tarde da noite e meu celular apitava com aquele mesmo barulho impertinente de mensagens que chegam sem parar o dia todo. Eu desbloqueei a tela e coloquei meus óculos para ler. Dentre todas as mensagens eu me deparei com aquela menina de novo. Tentei acreditar que eu não estaria pensando nela se não tivesse visto a mensagem, mas seria mentira.
As coisas nessa vida são deveras engraçadas, não é mesmo? Eu conheci aquele pedaço de mal caminho em um dia tão aleatório e de uma maneira tão natural que de repente já podíamos nos intitular amigos. ‘Bom dia... Boa tarde... Boa noite... ’ Os dias passavam e eu me perdia mais naquele sorriso, pensava sozinho comigo como podia alguém ser tão completa de tudo o que a gente espera em outra pessoa?
Nos damos tão bem um com o outro, o sorriso dela desperta o meu e quando ela passa eu fico hipnotizado pelo seu andar, seus cabelos ao vento. Seu jeito meigo, seus assuntos inteligentes, tudo parece ser perfeito demais pra ser verdadeiro e comum na minha vida estranha. Estranha com E maiúsculo.
Eu fico imaginando por que raios ela não recebe flores, belezas assim merecem flores, certo? Talvez chocolates, são mais baratos e fáceis de comprar, por que raios ela não os recebe? E cadê aquele amor bonito que todo mundo se enche de felicidade ao ver na rua? Por que será que ela não tem? Dormir com aquele receio de que eu seria esse cara, o cara que seria o namorado dela, o namorado que ela merece de verdade, que lhe faria sentir e viver verdadeiramente um amor.

Minha índole/moral/ética não me permite atravessar a barreira da amizade, algo muito sem caráter eu acredito, não sou desses qualquer, mas nada me impede de desabafar. Eu só queria que ela pudesse ser feliz por completa, por que pessoas assim, perfeitas e tristes, machucam meu coração, de verdade. Eu só espero que o cara consiga fazer e ser tudo isso, e se não, quem sabe eu estarei por perto quando ele cair, pra poder dar um amor verdadeiro a ela. Mas é engraçado não é? Essas coisas da vida. São testes ou castigos? Não sei, talvez seja um sonho realizando amanhã, mas até lá eu me pergunto, se não ela onde raios vai estar alguém que ilumine tanto o meu dia como aquela mulher.

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sábado, 22 de fevereiro de 2014

De repente amor



Que estranho
De repente é amor
De repente você percebe aquela coisinha no fundo do estômago
Aquela sensação estranha de que você precisa ver, conversar, sentir aquela pessoa todo dia

Você odeia
É claro, pois o chato do amor veio
Sem pedir licensa, sem pedir perdão, chegou chegando, vamos que vamos
"Vai lá, vai vê-la" diz o amor, todo intrometido, invadindo você e seu coração, te tomando por completo

Você resiste
"Não, não sou de amar"
Você até pensa isso, mas sabe que o amor está ali
Daí você fica todo na dúvida, não sabe se conta pra alguém ,ou se fica quieto

Estranho
Aquela pessoa que era sua amiga
Começa a se tornar alguém que você precisa estar do lado
Nunca é suficiente vê-la, sempre se quer mais, sempre é possível encaixá-la na agenda

Daí você conta
Conta pra ela o que você sente
Ela ri e diz que você é engraçado, que aquilo não vai acontecer
Você se sente triste mesmo, é verdade, mas você não consegue esquecê-la, não adianta

Bate na cabeça
Bate com a cabeça na porta
Tentando esquecer alguém que não te quer, mas você não esquece
Amor besta, pra que preciso dele afinal? Pra que viver a vida com sensação de borboletas no estômago?

Mas você tenta de novo
Pois simplesmente não consegue esquecê-la
E ela te dá um fora. Sim, outro fora, que idiota você é! Ela já tinha te dado um fora.
Você deita na cama, não tira ela da cabeça, você mandaria mi cartas, aprenderia a cozinhar por ela

Daí ela arranja um namorado
E você se sente a pior coisa do mundo
Por quê? Ela já tinha te dito que não queria, no que você está pensando?
E daí você percebe que o outro cara é um idiota, e que você é tudo o que ela precisa.

E ela diz
"Queria alguém como você, mas não pode ser você"
:(
Você fica triste, mas a lágrima já não vem e nem mesmo a imagem dela à noite

Ela não era o amor da sua vida
Afinal de contas, chega de amor, vamos beber
Daí você se senta na mesa e conhece aquela garota linda
Ela gosta de você, mas você apenas conversa com ela, sem nenhuma intenção

"Ela é legal"
"Mas não faz meu estilo"
Daí ela se apaixona por você, quer namorar e tal
Mas você simplesmente não gosta dela, sei lá por quê.

Ela fica triste
E você não sabe o que fazer
Porque de repente, você se torna a mesma coisa que você detestou
Simplesmente não consegue amá-la, mesmo querendo e querendo muito

Ela se afasta
E você fica triste
Não queria ter sido um cara tão chato
Mas simplesmente você não a amava, simplesmente não daria certo

Droga
Que coisa louca que é o amor
Você simplesmente decide que não quer mais amar
E, sem nenhum aviso, de repente, lá está você, amando novamente

Poesia por Diego William

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Estar em casa



Estar em casa é largar a roupa no chão
É desfilar por tudo usando um roupão
Usar aquele chinelo velho sem medo
É estar em paz consigo mesmo

É pentear o cabelo meia noite para ir dormir
Escovar os dentes e depois comer um bombom
Guardar arroz com feijão no congelador
É se esparramar no tapete, brincar com o cachorro

É falar com o gato, como se ele entendesse
E ele entende mesmo, por que não?
É ouvir o assoviar do canário
É arrancar fruta do pé e comer

Passar o dia de pijama, de barba mal feita
De cabelo despenteado e se sentir sexy
Ser você mesmo
Mesmo que um pouco desmazelado

Sentir aquele cheiro de café de manhã
Comer pão com manteiga, beber chá mate com limão
Abraçar quem está ali
Sentir saudades de quem já se foi

É brigar com seu irmão
Esconder comida pra ninguém roubar
Depois se arrepender e dar tudo pra eles
Pois, afinal, são quem você ama

Para se estar em casa, não é preciso casa
Seja própria, de aluguel, arrandade ou hipotecada
Sua casa é a sua mansão
É onde você guarda tudo de mais importante

Onde você guarda seu coração

Poesia por Diego William

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Quem é a sua sexualidade?



Não, esse não é um texto sobre homossexualidade, heterossexualidade ou qualquer outra opção sexual. Não, não quero aqui defender essa ou aquela posição. Não quero discutir dogmas, preconceitos ou pré-conceitos. Quero apenas comentar sobre como as pessoas funcionam, além dos rótulos, frases feitas, piadinhas idiotas e padrões estabelecidos.

Sexualidade é um termo muito mais amplo do que sua opção sexual, essa palavra tem apenas um significado: você. Sim, você mesmo. Sexualidade é a maneira como você é, suas roupas, maneira de andar, falar, sorrir, amar e viver, de uma forma geral. Sexualidade é você, seus amigos, pais, familiares, namorados(as), etc. E pra falar a verdade, o mundo não se divide em heteros e homos, não existem duas opções que você pode escolher. Existem 7 bilhões e poucas de sexualidades andando por ai.

Essas sexualidades passam por você todo dia, desfilando cores, maneiras de ser, felicidades (e tristezas) e amores (e desamores). Cada sexualidade é uma pessoa e cada pessoa, uma sexualidade. Por que somos todos únicos, diferentes, peças raras e especiais. Não, esse também não é um texto de autoajuda. Todos sabemos que somo diferentes uns dos outros, mas mais do que isso, cada pessoa é um universo à parte, e você nunca será capaz de descobrir por completo quem está ao seu lado. Nem você mesmo, pra ser mais exato.

Viver é se construir e reconstruir constantemente. Tenho uma singela pena por aqueles que dizem ter certeza, pois não há certeza. O que há depois da morte? Céu. Inferno. Purgatório. Nada. Reencarnação. Sete virgens. Vazio. Não, esse também não é um texto criticando religiões. O que me incomoda não são as crenças, eu pessoalmente tenho as minhas, mas sim esses pontos finais em cada palavra. A vida não pode ter pontos, mas sim vírgulas. A vida tem de ser vivida deixando que as dúvidas cresçam, floresçam e se tornem tão poderosas a ponto de te fazer renascer à cada novo dia.

Pior do que os pontos, são os pontos de exclamação. Estou certo! Você está errado! Chega! Morra! Viva! Pontos de exclamação são ainda piores do que os pontos finais. Não "exclamatize" (que palavra horrível) sua vida, não tenha certezas absolutas. Seja uma interrogação constante, uma metamorfose ambulante. Não, esse também não é um daqueles textos citando músicas do Raul (não consegui, porém, resistir à essa riminha no final, desculpem-me).

Reinvente-se à cada dia e assim você reinventa o mundo. No final, você percebe que aquele caminhozinho que você pensou desde pequeno se transforma completamente, para melhor. Não há decisões certas ou erradas na vida, essa é a realidade, meus queridos(as). Não há manual de instruções da vida. Nem volume 1 nem volume 2. Não tem nada disso, todas as decisões tem pontos negativos e positivos, que você deverá ponderar e escolher. E como saber se estou escolhendo certo? Ora, você ganha experiência com o tempo. E como eu ganho experiência com o tempo? Tomando más decisões, de vez em sempre.

Você não se define por sua opção sexual, ou qualquer outra coisa, você é você. E que bom que você é você. Pois sem você, o mundo não seria o mesmo. Da mesma forma que sem os outros, o mundo tbm não seria igual e tão legal. Todos nós nascemos com algumas tendências, que comandam nossas decisões e aí sim está a sua opção sexual, porém muitas outras coisas são definidas pelas nossas escolhas. E de toda essa confusão surge você! Isso aí! Cada um de nós é um universo, mas todos sabemos que o universo nasceu de uma explosão (bom, ou não, dependendo da sua religião, mas a ideia é a mesma), então você também nasceu de uma explosão de sensações, sentimentos, pensamentos e dúvidas.

E assim como o universo, temos também nossos buracos negros. Assuntos mal resolvidos, tristes, traumáticos e problemáticos, que muitas vezem sugam você pra algum lugar triste e isolado. Todos nós temos vazios no nosso coração, que tentamos preencher com de tudo um pouco. Algumas pessoas preenchem com outras pessoas, outras com drogas, vícios, até mesmo com animais domésticos. Mas infelizmente esses buracos negros não irão embora, ser humano é ter um vazio dentro de si. Isso faz parte de nossa reinvenção diária e de nossos desafios. Acordar todo dia sabendo que podemos ser sugados dentro de si mesmos é difícil, esteja orgulhoso de você mesmo!

Não se sinta triste por quem você. Você não está errado por ser o que é (a não ser que você seja um assassino, daí é errado sim). Descobrir quem somos é a descoberta mais difícil, porém a mais prazerosa. É uma descoberta que levará sua vida inteira (talvez mais, vai saber). Não existem duas opções, mas sim infinitas possibilidades para sua sexualidade, então não ligue pra quem te critica sem nem te conhecer. Essas pessoas tem pontos de exclamação cobrindo os olhos. Seja quem você é e sempre aprenda a se reinventar, caminhando por novos e inesperados caminhos.

Você é um pessoa única, não veio de um molde. Sua sexualidade é você e você tem uma sexualidade. Você tem uma maneira de viver que é só sua, e é maravilhosa. Ponto final. Ponto final! Ponto final? Ponto final... ou não.

Diego William Ferreira, estudante de engenharia, artista gráfico ruim nas horas vagas e lunático o tempo todo.