domingo, 24 de agosto de 2014
A Melhor Grife do Mundo
V ersace
I ódice
S amsung
T oyota
A didas
-
S ony
E rmenegildo Zegna
D olce & Gabbana
E llus
A bercrombie & Fitch
M cDonalds
O akley
R olls Royce
A pple
M arlboro
E SPN
L amborghini
H ering
O sklen Rio de Janeiro
R olex
G ucci
R eebok
I BM
F errari
E ricsson
Q atar Airlines
U nilever
E mbraer
E verlast
X Box One
I nfiniti
S mirnoff
T ommy Hilfiger
E bay
terça-feira, 19 de agosto de 2014
Efêmera Existência.
O que torna um momento tão mágico e
singular?
É a brevidade da sua natureza, o
simples fato de ser um curto intervalo limitado de tempo em um todo, onde tudo
pode acontecer. Por que não é planejado, não está escrito, não foi premeditado.
Cheio de surpresa invade nosso corpo desbravando nossos sentimentos mais
profundos em uma escala tão atemporal que eu poderia facilmente escrever um
livro de quinhentas páginas com cinco segundos da minha vida.
Eu sempre gostei de quem tem uma boa
história pra contar, e boa não significa com finais felizes, mas sim um sorriso
no rosto de quem divaga experiências por ai sem embaraços, sempre com o tom da
experiência em cada palavra, são boas conversas pra sexta à noite com os amigos
no bar, sem dúvida. E isso me lembra duma porção de velhas histórias que já
aconteceram comigo. Crônicas da minha vida sobre algumas das almas que cruzarem
com a minha deixando uma porção de pontas soltas e laços mal feitos.
Isso me lembra, particularmente, Erica.
Cheguei tão cedo sábado na boate da
cidade, acreditando que aquela noite seria tão fatal que não haveria mais
espaço na pista... Estava vazio, ou realmente era cedo. Sozinho eu encostei-me
ao muro e mandei uma mensagem para os amigos que chegariam mais tarde lá. Antes
do celular descer das minhas mãos ao bolso do meu jeans rasgado meus olhos
cruzaram o dela. Na verdade não, meus olhos cruzaram primeiro com aquela
tatuagem super sexy na sua coxa esquerda, que o frio não parecia intimidar, era
uma bela coxa com uma tatuagem, mas muito além, era uma linda moça com um
sorriso encantador. Fiquei olhando, encarando, de longe apenas com aquela falsa
sensação de que o olhar era retribuído, enfim entrei na festa.
Lamentável ser o primeiro a pisar na
pista de dança, sozinho e perdido até então. Já me era tão comum que eu nem
lembraria daquela moça se ela não tivesse me abordado cinco minutos depois “oi,
você é familiar, a gente se conhece será?” Em vinte e dois anos e alguns
quebrados eu achei que isso só acontecesse em filmes. “nossa você é muito familiar
também” mentia eu deslavadamente. “deve ter sido daquela festa lá..”
definitivamente foi, pensei eu, ironicamente.
Trocamos algumas palavras próximos
ao bar da boate, meus amigos chegaram e visualizando a cena sumiram
instantaneamente. Ela que estava com algumas amigas também havia deixado elas
na pista, e eu estranhamente gostava daquela química misteriosa que surgia de
uma maneira até então inédita. Dançamos, bebemos, sorrisos. Por alguns minutos
mais adentro da madrugada eu me peguei silencioso apenas parado ao lado daquela
desconhecida, ela ficava ali, parada também, meio olhar em mim, meio olhar para
o vazio, aquilo que chamamos de ‘silencio constrangedor’ se a música não
estivesse literalmente arrancando meus tímpanos pra fora. Como sempre muito
devagar eu conclui: “ela deve querer algo, ninguém fica parado feito idiota do
lado de um desconhecido” ainda mais esse último sendo eu “vamos pra outro
lugar, tá muito barulhento aqui” disse eu, recebendo o aceno mundial com a
cabeça para ‘sim’.
Meu carro fedia a banana podre, na
verdade era da minha vó, mas eu respirava aliviado acreditando que o carro
super caro e maneiro compensaria o mau cheiro. A gente até tenta não acreditar
nessa de impactos a primeira vista e status sociais, mas bem, fica pra outra
hora. O mirante estava lindo, parecia uma passarela para dentro da madrugada
estrelada, tendo a lua como protagonista no meu teatro casual.
Eu por sorte tinha um violão no
porta malas, e não adianta pensar que era golpe baixo, realmente estava lá por
acidente. E então how deep is your love? eu disse com aquele sorriso libertino.
Demos boas risadas ali, paramos de repente e o silencio acariciava nosso
momento, dessa vez não constrangedor, mas sim em tom de ternura, que soprava
com o vento levemente na minha orelha dizendo “beije logo essa mulé homi de
deus”, e rindo do meu próprio eu-lírico dentro de mim me aproximei lentamente
colocando a mão na nuca dela. Os enormes cabelos vermelhos ficaram ali
pendurados no ar e nossas bocas quase se tocaram.
“Algum problema?” eu disse, recuando
dez centímetros dos centros de gravidade dos nossos lábios, sim eu meço esse
tipo de coisa. “Não...” e quando uma mulher diz não, é sim, quando diz sim pode
ser não, ou sim também, ou nada, ou até tudo. “Eu juro que poderia não te
beijar hoje e passar o resto da madrugada olhando esse brilho bonito nos seus
olhos, mas de verdade eu gostaria muito de te beijar e gostaria também que você
me poupasse de tentar adivinhar o que você está tentando não dizer pra mim” Ela
sorriu com as palavras, e sim, eu falo coisas bonitas, eu sempre fui uma
espécie de poeta ou trovador, meus amigos acham que eu sou gay.
“A gente nem sabe o nome um do
outro... A questão é que eu tava pensando em como esses primeiros momentos são
sempre tão mágicos e singulares, tudo devido à brevidade da sua natureza, ao
limitado período de tempo em um todo onde tudo pode acontecer de modo tão
atemporal que a gente poderia escrever segundos em quinhentas páginas...” Ela
filosofava como a mãe dos meus filhos, eu poderia pedi-la em casamento ali
mesmo, sem antes mesmo beija-la uma vez. Mas ela continuava falando e eu voltei
a prestar atenção “...isso me incomoda, sabe, ter que depois jogar tudo isso
fora, sabendo que o tempo vai passar e a realidade vai jogar essas coisas
bonitas em uma história cheia de defeitos e imperfeições”
Ela tinha toda a razão, a magia
acabava, durava breve o suficiente para selar o momento e depois se perdia pelo
ar com o fim do mistério, do novo, do desconhecido... “vamos fazer assim,
tornar essa noite única, amanhã não nos veremos, sem telefones, nomes e nunca
mais se encontraremos de novo, só assim daqui cinquenta anos, quando bem velhos
a gente vai lembrar disso e de como foi perfeito em cada detalhe, sem que haja
a menor chance de se tornar uma lembrança ruim” e terrivelmente aquilo fazia
todo o sentido do mundo, eu desviei os olhos pro céu por um instante e pensei “diabos,
por que não” e a beijei.
Escorregava a mão pelo seu rosto e
ela me apertava contra seu corpo, a gente quase deitou ali mesmo, mas o sereno
havia molhado as madeiras do deck e o frio começava a arrepiar a nossa pele, eu
fui dizer “quer ir pra...” e ela completou “MINHA casa.” Meu Deus por que eu
não podia casar com aquela desconhecida. A gente chegou lá e meu cérebro de
engenheiro até calculou um momento fletor de uma viga que começava a fletir na
sala podendo vir a ruir num futuro próximo, mas logo ela estava semi nua e por
deus se eu conseguia pensar em mais alguma coisa, abre parênteses para um texto
inteiro sobre como ela era maravilhosa, fecha parênteses foi uma noite
inesquecível das melhores possíveis.
Ainda ali na cama dela eu
identificava uma falha “como vamos tornar isso imortal se amanhã eu decidir
aparecer na porta da sua casa com flores?” Ela sorriu, disse que eu era um fofo
e então falou: “Eu me chamo Érica”. Eu fiquei particularmente confuso, e quando
percebi, ela me chacoalhava perguntando meu nome. Fiquei tão embebido com
aquilo tudo que na manhã seguinte fomos ao shopping almoçar e ao final ela
disse “tenho que ir”, e eu em tom casual “ainda não tenho seu número” e ela franziu
o rosto mudando de expressão e eu pensei ‘droga, ela realmente não mudou de opinião’.
Ainda tentei um “mas se você for embora agora eu vou ver você se afastando e
saindo por aquela porta, não é uma boa lembrança” Ela se aproximou
carinhosamente, me deu um abraço, “feche os olhos” eu obedeci, ela me beijou
ternamente em um momento particular infinito e concluiu “conte até cinco,
engenheiro!” e assim feito, abri os olhos, ela não estava mais lá. Olhei todas
aquelas pessoas na praça de alimentação, sentei, pedi um sorvete.
Você deve pensar a uma altura dessas
“claro que você foi atrás dela né?” e eu te digo, fui sim, inclusive no dia
seguinte, e lá estava a casa dela, com uma placa de aluga-se estampada na
janela, vazia.
Quando consegui respirar de novo fui
até lá e não consegui informação alguma sobre ela com o responsável. Passei
dias feito espião da Interpol buscando um terrorista perigoso, e nada, só um
nome, um primeiro nome “Ana” que estava relacionado a casa antes de ser
alugada. Ou seja, ainda por cima seu nome se quer era o que eu achava que
fosse. Eu olhava para aquela grafia linda quando ela escreveu “Erica” no meu
braço naquela noite e quase apagado depois de alguns banhos eu ainda enamorava
aquele ‘E’ bonito e grandioso que parecia relutar a se apagar dentre as outras
letras. Foi ai que na dúvida comecei a chamá-la de Efêmera. Fazia todo o
sentido.
Eu relutei contra esse destino por
semanas inteiras, escrevi e relatei aos amigos. A lenda da efêmera se tornou
popular, e eu me recusava amargamente a acreditar que aquilo poderia ter tido
um fim ruim mesmo com toda aquela química entre nós.
Meses depois, hoje especificamente,
eu a encontrei na mesma boate, ela estava linda, e ao me ver desviou claramente
o olhar, me evitou e passou batido por mim, torcendo para que eu não a tivesse reconhecido.
E então só ai eu percebi o meu erro de não imortalizar aquela história fechando
as pontas que eu insistia em deixar soltas em sonhos que jamais se tornariam
reais, e assim, deixava mais uma vez a realidade acabar comigo e tudo o que
aquele rosto bonito um dia havia simbolizado para mim.
Vesti meu casaco e fui embora. Não
olhei para trás.
A noite estava linda, como a efêmera
existência.
***Gostou da história? Dá um like aqui embaixo. Muito obrigado!
domingo, 3 de agosto de 2014
"Diz a lenda que trocou suas certezas por alguns sonhos mágicos..."
Quando éramos bem pequenininhos nós enxergávamos tudo no tamanho inversamente proporcional ao nosso. Era tudo grande demais. Era tudo longe demais. Era tudo mágico demais. E nós éramos tão pequenininhos... Onde foi que a gente estacionou a nossa magia? Onde foi que a gente se estendeu e se deixou secar por tanto tempo? O sol já passou, a magia não mais pinga, em que varal ficou aquele aval que dizia que a nossa única regra era ser feliz? Eu me lembro bem, a vida, propriamente dita, era só nossa exceção. Sim, nós tínhamos problemas e não eram só aqueles relacionados à nossa boneca ou a nossa pipa que rasgou. Não, não era. Eu e muitos de vocês crescemos tomando partido da briga dos outros, crescemos no meio de gritos e discussões, pais se separando, família aos cacos, mas mesmo assim, eu me lembro, nós nunca perdemos a esperança e era tão fácil acreditar que tudo ia dar certo no final. Você lembra? Éramos bem pequenininhos e a padaria parecia tão distante e as pessoas tão iluminadas. Quem eram teus heróis e heroínas?
Eu também me lembro da liberdade que nós tínhamos, pois mesmo que sentíssemos medo e vergonha, tínhamos um estilo próprio. Só é mexer naquele arquivo morto, naquelas fotografias que revelavam só essência. Nossas roupas chegavam no pescoço, nosso cabelo era em homenagem ao nosso animal de estimação e nossos sorrisos denunciavam aquelas lindas cáries. E agora? Só nos sobrou a vergonha e um álbum no facebook preenchido pelo nosso vazio traduzido em fotografias, que evidenciam só a nossa própria face em várias cópias com roupas distintas, às vezes nem isso... Afinal o que é ser adulto? O que significa ter responsabilidades? A gente cresce e o "ser" só faz sentido junto ao verbo ter.
Eu me lembro tão bem da primeira vez que uma risada me machucou, eu tinha 12 anos e estava na escola, dois homens foram fazer uma palestra sobre algo que não lembro e um deles me perguntou o que eu queria ser quando crescer, eu falei que iria fazer medicina. Ele riu e com uma voz de deboche disse que eu ia ter que estudar muito... Quantas vezes a gente já não fez isso agora que somos adultos? Quantas vezes não falamos "fulaninha tirou essa nota? Não acredito" ou pior, "nunca imaginei que fulaninho fosse capaz". Nós nos colocamos em uma posição tão superior e achamos que podemos ditar o certo e o errado. Crescer é isso? Isso me torna melhor do que uma criança?
Nós éramos espontâneos. Mataram a nossa espontaneidade. Nós éramos livres. Criaram e criamos jaulas invisíveis. Nós éramos gentis. Hoje olhamos para um morador de rua e falamos que ele tem os braços e as pernas e que pode muito bem arrumar um trabalho. Não somos mais capazes de entender que o coração dele pode está despedaçado. Não. Vivemos para ter a maior nota, o melhor elogio, o melhor emprego, queremos a láurea e até argumentamos para sermos vencedores do prêmio que evidencia a pessoa que mais tem problemas. Até nisso queremos ser "os melhores". Mais uma vez eu pergunto, onde foi parar aquele brilho no olhar?
E eu fico aqui me perguntando: como queremos ser lembrados quando o nosso corpo já não pisar mais nessas terras? porque sim, vamos morrer um dia. O que deixaremos de realmente útil no mundo? Qual o legado que deixaremos para os nossos filhos ou amigos? Quais os motivos que realmente te dariam orgulho ao saber que as pessoas que você ama fecham os olhos e lembram de você? Falando por mim, posso dizer que não quero que sintam orgulho das minhas notas ou títulos, juro que não faço questão disso; não quero que sintam orgulho pelas madrugadas que eu passei estudando, definitivamente quero algo que tenha vida própria. Eu quero é que lembrem do meu sorriso, dos meus dentes escancarados, da minha espontaneidade, na minha fé nas pessoas e no valor imenso que eu dou ao amar e ao amor. Isso sim é um bom legado a se deixar. Por esses motivos eu acredito que vale a pena a nossa breve passagem através dos passos da existência.
Finalizo esse texto com aquela pergunta clichê que faz todo sentido:
"A criança que você foi teria orgulho do adulto que você se tornou?"
Assinar:
Postagens (Atom)