segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Mais um café, por favor!



                Eu te amei com a força de um milhão de corações, e você só me provou que a ingratidão tem nome e endereço. Eu te escrevi centenas de versos sinceros, e você sequer leu o bilhete de bom dia que eu lhe deixei na mesa da sala. Eu te idolatrei como uma princesa de conto de fadas por incontáveis anos, e você nem ao menos teve a decência de me dar aquela chance que tanto prometeu. Eu te propus todas as formas possíveis de vida ao meu lado, e você se quer respondeu minhas mensagens antes de me trocar por outra pessoa. Eu fui capaz de fazer o mundo inteiro acreditar que nós éramos perfeitos um para o outro, em certos momentos até você mesmo acreditou, mas mesmo assim continuou apenas me alimentando com a ilusão de que em um amanhã eu poderia ficar ao seu lado.
                De todas as ilusões que eu tive o desprazer de viver na minha vida, você certamente foi a mais idiota. Por que eu fui idiota. Por que ela nunca aconteceu. E eu desisti dela dezenas de vezes e me fiz acreditar de novo outras dezenas de vezes, pra sempre no mesmo buraco me lamentar o fato de que você nunca vai me olhar da maneira como eu a vejo. E mais uma vez eu choro enquanto você dorme a noite, alimentando a certeza dessa via de mão única que existe em torno de uma amizade que beneficia demais o seu egoísmo. Qual era sua desculpa mesmo? Medo?
                Se existe um Deus acima de mim eu espero que ele esteja observando o tanto que eu me entrego e confio nas pessoas que eu amo, pra domingo a noite ter que tomar essas bordoadas da vida e me sentir a pior pessoa do universo. É triste ter essa certeza de que as magoas que são causadas aqui dentro são permanentes, e com tempo, tudo o que é bonito acaba perdendo a magia, o brilho e a aquela doce imagem de que o amor é infinito, único e transcendente a qualquer litígio ou banalidade cotidiana.

                Na verdade, eu que me cansei. Boa noite.

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domingo, 21 de dezembro de 2014

Infinito, infinitesimal, Eterno




O eterno. O que é o eterno? O que seria o eterno senão a infinita soma de pequenos, infinitos, infinitesimais eternos juntos.

Conheci uma garota esses tempos atrás. Ela gostava de fumar e eu odiava aquilo, mas amava ela, então sentava ao seu lado e assistia aqueles rodopios de fumaça fugirem de sua boca. Em câmera lenta, a fumaça parecia uma entidade viva, como se um pedaço da alma dela saltasse para fora e voltasse, timidamente, para seu corpo, à cada baforada nicotinada.

Seu beijo tinha gosto de maçã (porque ela usava gloss de maçã, mas isso não vem ao caso) e seu corpo era pálido como uma nuvem, e quando eu me deitava em seus seios, podia sentir sua respiração ritmada, como se um carnaval morasse dentro dela. E realmente morava, um carnaval de sentimentos, flores e pensamentos que saíam pelos seus olhos, pela sua boca, pelo seu corpo todo.

Ela era uma obra de arte viva, tudo que via pintava. Algumas vezes em fotos, outras vezes no próprio corpo, mas frequentemente em lágrimas e sorrisos curtos. Mas o que é o eterno senão a soma de todos os eternos curtos sorrisos?

Nos conhecemos na internet (como todo mundo, né), vi sua foto pelo perfil de um amigo e me apaixonei naquele instante. Nunca tinha visto uma menina/mulher tão linda. Seus olhos eram profundos e silenciosos. Eternos.

Na primeira vez que nossas bocasse tocaram, não foi eterno, foi na verdade estranho. Não combinamos muito bem no beijo e nem na vida, pra falar a verdade. Ela gostava da cidade e eu vivia escondido, explorando florestas por aí. Ela amava o rock, e eu o shot. Ela não comia chocolate preto, só branco. Eu comia de tudo, não tinha frescura. Quando nossas bocas se tocaram, elas não se encontraram muito bem, demonstrando na carne a diferença entre nossas almas. Foi o melhor beijo da minha vida.

Namoramos por três eternos meses. Ela do meu lado, na cama, olhava com seus olhos profundos. "Eu gostaria que isso fosse eterno" dizia ela depois de um orgasmo. E eu, exausto, dormia. Dormia em seus braços quentinhos e me sentia seguro como nunca. Sentia-me livre de quaisquer amarras, de qualquer fingimento, nos seus braços eu era eu, apenas eu. Eternamente eu.

Ela morreu. Um dia um cara bêbado pegou o carro de um amigo e acertou-a enquanto atravessava a rua. E em um instante ela se foi para sempre, sem nem dizer um tchau e até logo. O eterno havia acabado para sempre e eu morri junto com ela.

Desculpe pela mudança abrupta no modo de escrever, mas foi assim que se passou em minha mente. Ela morreu, simplesmente assim.

"Você tem de esquecê-la",
Ela não gostaria de te ver triste",
"Era só uma namoradinha",
"Homem não chora",
"Quem mandou ela não prestar atenção",
"Se tivesse em casa não teria sido atropelada"
"Eu te entendo, meu filho",
"Meus pêsames",
"Infelizmente, nada é eterno"

E eu pensei comigo e parei por um momento. Eterno. O que é o eterno? O que seria o eterno senão a infinita soma de pequenos, infinitos, infinitesimais e eternos estarmos juntos. Quantos segundos há em um minuto, quantos centésimos há em um segundo, quantos milésimos há em um centésimos? Quantas infinitas divisõeszinhas existem em uma fração de tempo. Infinitas. Infinitesimais. Eternas.

O eterno é feito de eternos. Eternamente dançando entre si e formando o tempo, que passa gentilmente entre nossas existências.

Ela dizia que queria estar ali eternamente e esteve eternamente. Namoramos por três meses, que foram eternos. Cada beijo durou eternos pedaços infinitamente somados de tempo. Seja para formar um segundo, um minuto ou três meses.

Sinto sua falta. Sinto tanto. Mas sei que estivemos e estaremos juntos eternamente.



Segredos de Liquidificador - Diego William Ferreira


quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Tampouco Naufragado

      

    Em uma única semana eu realizei a proeza de ser indagado pela mesma pergunta quatro vezes, por quatro pessoas totalmente diferentes e não interligadas. Elas certamente anteciparam meu natal em família com a pergunta chave dos tios e tias em eventos desse tipo. Já sabe a pergunta? Não, não é a do pavê. Aliás, eu adoro a do pavê, vou ficar pra tiozão chato mesmo... A pergunta foi a seguinte: “Por que você não namora?” E eu me surpreendi ao perceber a pouco que eu respondi quatro vezes de maneiras completamente distintas, mas todas com sinceridade. Maldito esse meu coração que prefere ser uma metamorfose ambulante a ter aquela velha opinião formada sobre tudo.
        Na real mesmo, eu acho bom essa inconstância dos nossos egos, mas hoje eu queria falar de amor. Parece que a cada dia que passa o amor morre nessa nossa geração, é cada vez mais difícil encontrar quem preze pelo clássico, pelo clichê. O amor virou démodé para a sociedade moderna. Eu não namoro por que eu estou bem sozinho, por que eu não encontrei quem valha a pena dividir minhas particularidades, aliás, eu não encontrei alguém que eu sinta vontade de dividir qualquer coisa. Eu não estou caçando aquela pessoa que vai me transbordar, até por que eu já procurei demais e achei várias pessoas erradas que me deixaram infinitas cicatrizes pelo caminho, mas eu quero encontrá-la sim, por que eu ainda acredito. Não sou mais idiota, nem me apaixono por qualquer sorriso bonito, isso não é ser descrente, uma boa dose de experiência faz bem a essa altura.
        Li uma frase da Simone de Beauvoir maravilhosa sobre o tema que diz “Renunciar ao amor parecia-me tão insensato como desinteressarmo-nos da saúde porque acreditamos na eternidade.” E de fato eu jamais renunciarei àquilo que me move.
        Há tempos não sei o que é sentir amor de verdade, criei tantas barreiras que temo de repente ter ficado imune ao sentimento quando for a hora de encontra-lo de fato. Mas tem essa uma garota (sempre tem uma), que me faz o olhar parar por aqueles segundos a mais, sabe como é? Eu nem a conheço direito. Ela é uma desconhecida praticamente, mas algo nela me seduz de tal forma que todas as minhas defesas caem, ela definitivamente desativa meu firewall por completo, e eu juro que não achei uma metáfora melhor, desculpa. Enfim, ela tem aqueles olhos profundos, cheios de mistério, cheios de “sim, vamos nos aventurar”, ousaria até citar a referência do meu livro predileto, os “olhos de cigana oblíqua e dissimulada”. Ela também tem um sorriso perfeitamente simétrico, os lábios cheios de uma sensualidade que me parece irreal, ela sorri e as maças da bochecha ficam marcadas tão perfeitamente que a única palavra que me vem a mente é ‘fofo’ e eu morderia aquelas bochechas, com certeza. Além do mais ela tem aqueles longos cabelos morenos, que descem perfeitamente até a cintura como se ela tivesse um esboço antes de ser feita que foi apagado e refeito um milhão de vezes até que cada fio fique perfeitamente alinhado a sensualidade que esbanja aquela mulher. Faltou algo? Ah sim, o corpo, uma palavra, maravilhoso. Ela tem aquelas cinco tatuagens estratégicas que impulsionam o meu desejo a níveis tão anormais que eu fico na expectativa de que a cada uma que eu passo a conhecer passe a ser um passo em direção a um sonho. Se eu fosse descrever esteticamente a mulher perfeita, ela sairia basicamente como essa garota, só que ruiva. Mas se você me perguntar o que menos importa numa mulher certamente eu vou lhe dizer que é a cor da tinta que ela compra na farmácia pra passar no cabelo.
        Ela é tão magnifica que eu colocaria uma foto dela aqui só pra vocês todos concordarem comigo. Mas ela tem aquele ar de mulher bem resolvida, livre, que não quer saber de nada sério, que curte uma boa festa, que ama dançar até o sol nascer. E eu admiro pessoas assim. Inclusive sempre me pego pensando, quantos não devem idolatrá-la por ai, e por que eu seria diferente? A minha barba nem é tão bonita assim. A questão é que eu sempre quis ser diferente, enquanto todos chamam de linda da boca pra fora eu posso aqui imortaliza-la num texto sincero. Mas então eu penso: dizer pra uma pessoa dessas que ela é especial dessa forma em tempos como esse é como dizer “fuja de medo daqui por que eu quero te amar, casar e ter filhos”. Exageros a parte, mas bem. Então eu nunca disse, eu nunca digo. E já se passaram tantos meses, e de verdade foi uma das únicas mulheres que despertaram um interesse real em mim, não estou dizendo que me apaixonei, mas se tivesse certamente seria por ela, pois ninguém mais consegue dentro da minha cabeça ser tão magnifica assim. Por isso eu não namoro...
        Talvez ela leia, talvez ela goste, muito certamente ela desapareça, mas eu decidi escrever. Primeiro por que eu me senti obrigado a explicitar o porquê raios um cara tão “fofo e lindo que escreve poesia com o cotidiano” não namora. E segundo por que já fazem tantos meses que eu sinto que já perdi as minhas chances, então ao menos eu quero ser cordial, cavalheiro e como sempre honrar as minhas promessas como escritor e homem, escrevendo em linhas de sinceridade.
         
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terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Segredos de Liquidificador




- Ligue o rádio - disse ela - Ligue bem alto para que eu possa gritar o que estou sentindo.

- O rádio está quebrado - disse ele - Liguei no 220V, mas era 110V.

- Você não está entendendo!? - gritou ela - Eu preciso gritar tudo que tem aqui dentro, mas moramos nessa kit net tão pequena que se eu fizer isso, todos vão saber.

- E qual o problema das pessoas saberem de seus sentimentos? Às vezes nossos mais profundos segredos são partilhados pelas pessoas à nossa volta, e ficamos sofrendo à toa tentando escondê-los - estranhou ele, ainda não entendendo o que ela queria dizer.

- Pare de enrolação e ligue qualquer coisa aí que faça barulho - disse ela com cara de raiva, franzindo o lábio como só ela fazia quando estava impaciente.

Ele deu um sorriso de canto de boca.

- Você é maluca - disse ele - Não há nada aqui que faça barulho, nada que possa mexer com nossa rotina e com nossos corações. Tudo está no seu lugar.

Ela desesperou-se. 

Ligou o microondas, mas o "vruuuuuum" não era alto o bastante para que ela enchesse os pulmões e gritasse, sem que ninguém pudesse ouví-la. 

Ligou a TV no volume mais alto, mas ainda assim estava baixo demais.

O que ela tinha a dizer era especial demais, precisava de algo que fizesse um barulhão, assim poderia gritar sem que ninguém pudesse ouvir.

Gritar para ninguém ouvir. Fazemos isso com mais frequência do que deveríamos.

Ela desligou a TV, aquela receita de bolo de cenoura da Ana Maria Braga estava dando fome.

Tentou ligar o rádio de novo.

Ligou o secador de cabelos (daqueles com nano íons de prata - ou sei lá o quê que eles inventaram um nome para vender mais).

Ligou o chuveiro, porém ele não fez barulho nos decibéis que ela desejava (além disso, acabou molhando a roupa com a explosão de água).

Ele riu vendo seu desespero. O que teria ela para dizer - gritar - sem que ninguém ouvisse?

Ele aproximou-se do liquidificador e ligou-o. Ela abriu um sorriso de orelha a orelha, chegou perto dele e tascou-lhe um beijo na boca. E não era beijinho, era beijão. De língua mesmo, pode acreditar. Demoraram-se, mas quando finalmente acabaram ela gritou.

Gritou sei lá o quê, pois o liquidificador era alto demais e ele não pôde ouvir. Ela tentou gritar de novo, mas ele não conseguia entender. Na terceira tentativa, ele desligou o liquidificador, mas ela não percebeu.

Encheu os pulmões e gritou o mais alto que pôde, em alto e bom som:

- EU TE AMO!!!!!!!!!!!!

Ela ficou vermelha e ele mais vermelho ainda. De todas as kitnets ao redor as pessoas gritaram e bateram palmas. O som voou pelos ares e atingiu os prédios vizinhos, alavancando uma enxurrada de palmas e gritos de todo o bairro.

Ela ficou vermelha de raiva, e ele de felicidade.

Ela ia gritar de novo (desse vez para xingá-lo), porém ele chegou perto, agarrou-lhe os cabelos ruivos e deu-lhe um beijo na boca, ainda mais quente que o primeiro.

- EU TE AMO TAMBÉM!!!!!!!! - gritou ele, ainda mais alto.

As palmas voltaram e o bairro inteiro aplaudiu. Ela sorriu lindamente e disse:

- É, você tem razão, o amor não deve mesmo ser escondido debaixo de um turbilhão.




Eterno Retorno






            Tive que começar a escrever esse texto por que são duas horas da madrugada e eu não consigo dormir de forma alguma. Estou há meses fingindo que estou sendo sincero sobre o que eu escrevo, mas é uma mentira que eu conto para mim mesmo repetidamente todos os dias quando acordo. O peito está pesado, o passado está me puxando de volta e o futuro parece tão incerto e inconsistente que chega a me dar calafrios de medo. Eu estou tão cansado do estereótipo feliz que sou obrigado a sustentar em prol dos outros, de ter que sorrir sem vontade, de ter que se sentir privilegiado sem poder achar defeitos. Estou cansado, cansado de não poder ter meus fantasmas, meus medos e minhas inseguranças. Estou cansado de não poder ser frágil, de ter que esconder tudo dentro de mim por causa do medo das pessoas que me rodeiam de achar que eu vou entrar em colapso, que eu vou cometer suicídio, que eu vou praticar um homicídio, que eu vou cair em depressão profunda.

            A noticia para essas pessoas é que eu já estou colapsado e em depressão há meses. Tenho que ser um ótimo ator com essa minha eminencia natural de estar constantemente em estado depressivo. E é impressionante como isso machuca minha vida, minha autoestima. Incrível como meu particular pessoal-amoroso tem tanto poder sobre quem eu sou, sobre a intensidade dos sorrisos que eu dou sábado a noite. E mesmo sabendo que a felicidade jamais estará em outra pessoa além de mim mesmo, eu deito a noite olhando para o céu e me pergunto onde estará ela, olhando para o mesmo céu talvez, mas tão distante dali.

            Me lembro que há seis meses atrás escrevi um texto dizendo que jamais voltaria a escrever sobre você, pois bem, eu menti. Me surpreendi depois de todo esse tempo em perceber que nada mais que sai de mim é totalmente sincero, tive essa revelação hoje lembrando de você, em como a gente brincou com o destino e se machucou feio. Preciso ser sincero de novo, falar sobre você, sobre como você me fez desacreditar no amor desde que você partiu daqui. Tem sido difícil, cada dia, as noites se arrastam, mas nada parece me alegrar de verdade. Eu saí com tantas pessoas, beijei algumas pessoas maravilhosas, pessoas inteligentes. Passei domingos vendo filmes de casalzinho com mulheres carinhosas, passei sábados malucos em festas regadas a drogas e álcool curtindo a vida como um maluco suicida, beijei paixões platônicas de anos atrás em shows das minhas bandas favoritas ao som das minhas musicas prediletas. Mas mesmo assim nada preenche aquele vazio que você deixou quando foi embora.

            Tenho a sensação que nunca vou encontrar alguém como você, que transborde a minha existência com um simples olhar. Eu já tive infinitos casos e acasos da vida, já cai e levantei de sete relacionamentos sérios totalmente distintos, já entrei em depressão por amor (não na forma poética, na forma psicológica mesmo, e física, até mental) e mesmo com toda a bagagem eu digo que nada foi igual a você. A gente teve um nada, uma paixão rápida e destruidora, você nem chegou a entrar na minha vida, mas o estragado foi nuclear. Me lembro de ter atravessado a cidade em busca de presentes que poderiam caber na sua cesta de pascoa, e um deles foi aquele cachorro de pelúcia fofinho que eu apelidei com o seu sobrenome, pois ele seria seu filho a partir de então. Lembro de ter escrito uma carta onde na verdade o escritor era o cachorro, Billy Ribeiro,  que dizia que queria adotá-la como dona e tudo mais. Lembro de ter saído correndo de Guaratinguetá a São José dos Campos para te entregar essa cesta na pascoa antes de você viajar para Minas, e com a pressa esqueci os chocolates em Guará e fiz uma via sacra em São José montando a cesta inteira de novo. Lembro que cheguei em casa desesperado “Mãe, me empresta o carro agora! É urgente!” e sair alucinado para ter aqueles infinitos dez minutos com você. Lembro do seu rosto feliz, de ver sua cara de quem não sabia mais qual era a sensação de ser tão amada assim. Mas lembro principalmente de você se negando a ficar com o Billy, pois você não podia entrar em casa com uma pelúcia, sua mãe poderia ver, seu namorado poderia descobrir. Nosso sonho era o impossível que eu faria de tudo para se tornar real. Você deixou comigo o Billy, e nunca mais veio buscá-lo, e mesmo depois de sumir da minha vida eu fiquei encarando ele em cima do meu guarda roupa pegando poeira, e era triste, muito triste. Por sorte minha melhor amiga também tinha o sobrenome Ribeiro, e eu dei o Billy de aniversário para ela, está em boas mãos agora.

            Ter perdido você me matou lentamente durante todos esses meses. Saber que eu usei tudo de mim por você. Fiz as loucuras que te deixavam desacreditada de que podiam ser reais. Fiz todo amor que você conhecia parecer uma velha lembrança de afeto. Eu usei toda minha experiência, todo meu aprendizado, todo meu cavalheirismo e amor para te fazer acreditar que era comigo que você deveria estar passando todos os dias da sua vida até a eternidade. Mas mesmo assim eu perdi, e eu sei que eu era melhor que ele, eu sei que minhas serenatas te acalmavam a alma, eu sei que só eu ficaria do teu lado nos conflitos que você tinha com a sua mãe e eu sei até que o sexo era melhor do que todos seus três anos de namoro. E eu sei não por que eu sou soberbo e me acho pra caralho, mas por que você me falou. Lembra? Ainda ecoa na minha cabeça quando você dizia que eu era o cara mais perfeito que podia existir. Que ninguém era capaz de fazer as coisas que eu fazia por você, que era um sonho, que eu era a única coisa que te fazia sorrir quando a sua vida parecia um pesadelo. Mas mesmo assim você foi embora, você ficou com ele, no final o amor apontou para outro lado, e mesmo que não faça sentido algum, eu entendo, eu entendo por que eu sei que o amor não mede o próprio amor, ele é adimensional, improvável e indecifrável, e mesmo que ele seja um babaca você possivelmente passara a vida ao lado dele.

            Espero que você seja feliz, mesmo tendo me destruído, me humilhado, me deixado para trás da maneira mais covarde possível, de ter me enganado, me usado, me torturado e pisado no meu coração. Eu espero que você possa sorrir todos os dias. São seis meses e eu ainda tenho lampejos sobre você, não sei por onde você anda, não temos amigos em comum, fomos bloqueados de todas as formas de comunicações possíveis, eu realmente vivi sem você todo esse tempo, mas nada mais parece ser sincero, e eu precisava me abrir, por que eu ainda sinto que você vai aparecer na porta da minha casa daqui cinco anos dizendo que fez a maior cagada da sua vida. E eu já me estapeio sabendo que eu não vou ser capaz de mandar você a merda e nunca mais voltar até mim, por que você foi única, e eu espero que eu esteja errado, por que eu não quero viver a vida sabendo que nunca mais vou encontrar alguém que me dê o que você me deu, sabendo que o amor que mais me cativou foi o que mais me destruiu.


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