Em uma única
semana eu realizei a proeza de ser indagado pela mesma pergunta quatro vezes,
por quatro pessoas totalmente diferentes e não interligadas. Elas certamente
anteciparam meu natal em família com a pergunta chave dos tios e tias em
eventos desse tipo. Já sabe a pergunta? Não, não é a do pavê. Aliás, eu adoro a
do pavê, vou ficar pra tiozão chato mesmo... A pergunta foi a seguinte: “Por
que você não namora?” E eu me surpreendi ao perceber a pouco que eu respondi
quatro vezes de maneiras completamente distintas, mas todas com sinceridade. Maldito
esse meu coração que prefere ser uma metamorfose ambulante a ter aquela velha
opinião formada sobre tudo.
Na real mesmo, eu acho bom essa inconstância
dos nossos egos, mas hoje eu queria falar de amor. Parece que a cada dia que
passa o amor morre nessa nossa geração, é cada vez mais difícil encontrar quem
preze pelo clássico, pelo clichê. O amor virou démodé para a sociedade moderna.
Eu não namoro por que eu estou bem sozinho, por que eu não encontrei quem valha
a pena dividir minhas particularidades, aliás, eu não encontrei alguém que eu
sinta vontade de dividir qualquer coisa. Eu não estou caçando aquela pessoa que
vai me transbordar, até por que eu já procurei demais e achei várias pessoas
erradas que me deixaram infinitas cicatrizes pelo caminho, mas eu quero encontrá-la
sim, por que eu ainda acredito. Não sou mais idiota, nem me apaixono por qualquer
sorriso bonito, isso não é ser descrente, uma boa dose de experiência faz bem a
essa altura.
Li uma frase da Simone de Beauvoir
maravilhosa sobre o tema que diz “Renunciar ao amor parecia-me tão insensato como desinteressarmo-nos da
saúde porque acreditamos na eternidade.” E de fato eu jamais renunciarei àquilo
que me move.
Há
tempos não sei o que é sentir amor de verdade, criei tantas barreiras que temo
de repente ter ficado imune ao sentimento quando for a hora de encontra-lo de
fato. Mas tem essa uma garota (sempre tem uma), que me faz o olhar parar por
aqueles segundos a mais, sabe como é? Eu nem a conheço direito. Ela é uma
desconhecida praticamente, mas algo nela me seduz de tal forma que todas as
minhas defesas caem, ela definitivamente desativa meu firewall por completo, e
eu juro que não achei uma metáfora melhor, desculpa. Enfim, ela tem aqueles
olhos profundos, cheios de mistério, cheios de “sim, vamos nos aventurar”,
ousaria até citar a referência do meu livro predileto, os “olhos de cigana
oblíqua e dissimulada”. Ela também tem um sorriso perfeitamente simétrico, os
lábios cheios de uma sensualidade que me parece irreal, ela sorri e as maças da
bochecha ficam marcadas tão perfeitamente que a única palavra que me vem a
mente é ‘fofo’ e eu morderia aquelas bochechas, com certeza. Além do mais ela
tem aqueles longos cabelos morenos, que descem perfeitamente até a cintura como
se ela tivesse um esboço antes de ser feita que foi apagado e refeito um milhão
de vezes até que cada fio fique perfeitamente alinhado a sensualidade que
esbanja aquela mulher. Faltou algo? Ah sim, o corpo, uma palavra, maravilhoso.
Ela tem aquelas cinco tatuagens estratégicas que impulsionam o meu desejo a níveis
tão anormais que eu fico na expectativa de que a cada uma que eu passo a
conhecer passe a ser um passo em direção a um sonho. Se eu fosse descrever esteticamente
a mulher perfeita, ela sairia basicamente como essa garota, só que ruiva. Mas
se você me perguntar o que menos importa numa mulher certamente eu vou lhe dizer
que é a cor da tinta que ela compra na farmácia pra passar no cabelo.
Ela é
tão magnifica que eu colocaria uma foto dela aqui só pra vocês todos concordarem
comigo. Mas ela tem aquele ar de mulher bem resolvida, livre, que não quer
saber de nada sério, que curte uma boa festa, que ama dançar até o sol nascer.
E eu admiro pessoas assim. Inclusive sempre me pego pensando, quantos não devem
idolatrá-la por ai, e por que eu seria diferente? A minha barba nem é tão
bonita assim. A questão é que eu sempre quis ser diferente, enquanto todos
chamam de linda da boca pra fora eu posso aqui imortaliza-la num texto sincero.
Mas então eu penso: dizer pra uma pessoa dessas que ela é especial dessa forma em
tempos como esse é como dizer “fuja de medo daqui por que eu quero te amar,
casar e ter filhos”. Exageros a parte, mas bem. Então eu nunca disse, eu nunca
digo. E já se passaram tantos meses, e de verdade foi uma das únicas mulheres
que despertaram um interesse real em mim, não estou dizendo que me apaixonei,
mas se tivesse certamente seria por ela, pois ninguém mais consegue dentro da
minha cabeça ser tão magnifica assim. Por isso eu não namoro...
Talvez
ela leia, talvez ela goste, muito certamente ela desapareça, mas eu decidi
escrever. Primeiro por que eu me senti obrigado a explicitar o porquê raios um
cara tão “fofo e lindo que escreve poesia com o cotidiano” não namora. E
segundo por que já fazem tantos meses que eu sinto que já perdi as minhas
chances, então ao menos eu quero ser cordial, cavalheiro e como sempre honrar
as minhas promessas como escritor e homem, escrevendo em linhas de sinceridade.
**Curte ai por favor, isso nos ajuda a aumentar a divulgação, obrigado!
Apaixonada pelo texto ! Descrição perfeita .
ResponderExcluirmuito obrigado :)
ExcluirVocê realmente tem o dom para escrever , simplesmente perfeito , parabéns
ResponderExcluir