Ela
tinha o sorriso mais encantador do mundo inteiro. Quando seus olhos
cruzavam os meus eu corria em sua direção. Não importava se eu estava
triste, alegre, chateado ou cansado, eu sempre corria para roubar-lhe um
abraço. Era involuntário. Era amor!
Abraçou-me
com tanta força e carinho naquela primeira vez que foi paixão na certa.
Eu não sabia bem como funcionava aquilo, era tudo muito novo para mim,
mas aprendi aos poucos que ela detinha uma parte de mim, uma pequena
porção de coisas que me mantinham radiante. Era uma coisa mágica,
assustadora! Eu confiava minha vida nela, era capaz das coisas mais
loucas para vê-la feliz. Sabia que ela estaria comigo para tudo, como
sempre esteve, em cada dia feliz, em cada dia triste. Estes últimos que
acabaram sendo mais do que eu pude contar.
Lembro-me
bem do dia que chegou em casa chorando, eu podia sentir cada gota dos
seus olhos que despencava no chão. Chorei junto cada segundo ao seu
lado, não sabia sequer o motivo, mas era meu mundo desabando vê-la
daquela forma. Cheguei perto bem devagar, encostei-me ao seu ombro e a
beijei, ela soltou um sorriso rápido em meio as lágrimas, me abraçou.
Ficamos ali por horas. Até que adormeceu.
Velei
tantas noites, dei tantos beijos de bom dia. Eu sentia o seu perfume da
esquina de casa, antes mesmo de tirar as chaves para abrir o portão.
Alegrava meu dia vê-la entrando pela porta. Ela sempre me cumprimentava
com longos minutos de abraços e carinhos, que saudades eu sinto!
Foram
os três dias mais longos da minha vida, quando fiquei plantado naquele
sofá esperando você passar pela porta. E você não chegava! Foram os dias
mais tristes, onde você estava? Revirei a casa toda, em busca da
distração da sua ausência. Foi em vão negar que eu não estava
preocupado, que você poderia nunca mais voltar, que eu poderia nunca
mais te ver, o que faria eu então? Gritei sozinho naquela imensa casa
vazia, ninguém jamais ouviu!
No
quarto dia você enfim chegou. Eu estava tão distraído que não te vi
entrar. Corri até a porta com o mesmo desejo de sempre, de te abraçar
como se fosse a primeira vez. Mas dessa vez parei no meio do caminho,
fiquei ali, há alguns metros observando, você não estava sozinha. Ele
estava segurando a sua mão, me lembro bem! Tinha um cheiro esquisito, um
rosto sereno, não conseguia ler suas intenções como lia tão facilmente
as suas. Eu olhei para você por um instante, negando a presença daquele
estranho. Você estava rindo, feliz, como há muito tempo eu não via. Não
nego o ciúmes que senti, mas me bastava te ver feliz, sorrindo. Ele se
abaixou e sorriu para mim também, então fui até ele com o rabo abanando e
o abracei, lambi sua cara diversas vezes, me parecia um cara legal,
afinal!
E
mais uma vez aprendi a te dividir, a dormir vezes na cama e vezes no
sofá. Continuei a te abraçar todos os dias, aprendi a amar o cara com as
tatuagens esquisitas também. Sempre estaria ali por você, em todos os
dias tristes que viriam subsequentes. Você era meu mundo, foram tantos
passeios e histórias que valeram uma vida inteira, me sinto ótimo por
ter tido a chance de ter te conhecido, por ter você no meu mundo.
Te
peguei aquela última noite olhando para o céu, era tarde e ele dormia
profundamente ao seu lado, você não me viu te observando, mas contei
longos minutos em que seu semblante permaneceu triste. Ele estava logo
ali do seu lado da cama, e eu logo aqui do lado também, era muito óbvio
para mim onde sua cabeça estava naquele instante, e eu te entendo,
certas coisas da vida não são justas como deveriam ser. Então você logo
dormiu novamente, o abraçou, voltou a sorrir. Eu gostava de ver seu
sorriso, era sempre mágico!
Mas
para que você saiba, eu também sinto saudades dele, já faz tanto tempo!
Mas entendo que papai se foi para não voltar. Espero que você fique
bem, afinal você sempre foi boa nessa coisa de ser forte. Fico triste de
ter partido sem ter tido a chance de me despedir dele, mas que bom que
bom que você estava aqui! Seu olhar dessa última vez. Exatamente como da
primeira vez! Puro amor. Eu jamais esquecerei! Espero que ele cuide bem
de você!
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