terça-feira, 8 de novembro de 2011

Homicídio Mental



Estava dando um belo de um cagóte,
Quando a barata atravessou pela porta fechada
A adrenalina saltou aos seus níveis
E pus a me levantar, mirando a com os olhos.
Escorregando e se escondendo por entre os cantos.
Fui ao quarto pegar meu chinelo de borracha
E quando voltei, ela havia sumido.
Dentro de cinco minutos desisti
Esses bichos são sempre mais espertos
Acendi um e deitei espafatalhosamente no sofá
Dei três voltas com a cabeça e me inclinei pra trás
Viajei alguns mundos a fora e voltei a me questionar
Que raios me fazia querer ser diferente?
O radio tocava o Pearl Jam da vida
E eu me perdia em filosofias perdidas
Até o ultimo suspiro de quem perde a luta
“vou tomar um banho!”
Abri os olhos e então pude ver
A baratinha estava encima da TV
Bem alinhada a minha visão.
Abaixei sutilmente para alcançar as sandálias.
E de repente senti dó da pobrezinha
Tão indefesa, procurando um abrigo.
Eu ia tirar a vida de um ser vivo.
Pensei em lhe adotar até
Mas o efeito já estava passando
Pude pensar mais um pouco
E da simplicidade da coisa toda
Vi que ela só queria um lugar pra viver
Ela não queria ser diferente.
Só eu queria ser diferente
Eu sou um retardado mental mesmo.
Afoguei-me na própria ira e como tal
Perdi logo a razão e agi como um selvagem
Levantei o chinelo e fui com sede ao homicídio
Bem, haveria um, se a baratinha não estivesse desaparecido.
Eu nunca mais voltei a encontra-la
Esses bichos são espertos
Nos fazem pensar que é uma beleza
Abri o chuveiro e aproveitei a água quente.
A correnteza levou o efeito ralo a baixo.