domingo, 24 de maio de 2015

Não sei mais o que fazer para esquecer você.


            Eu olhava para o relógio do meu celular e sabia dizer exatamente quantos dias, horas, minutos e até segundos faziam desde a última vez que te vi. Todas as vezes que eu aceitava dentro de mim que deveria te esquecer, o tempo parecia não passar. E quando se lembrava de você ali comigo, sentia como se já tivessem passado séculos desde a última vez que te abracei. Alguém me socorre aqui! Como é difícil esquecer um grande amor.

            Eu fechava os olhos e via seu sorriso na minha frente, então eu os abria, mas via na minha estante algo que recordava você. E eu abaixava o olhar para o chão, mas ainda existiam fios do seu cabelo no meu quarto. Eu olhava para cima, para o céu estrelado, mas todas aquelas estrelas brilhando tão distantes de mim me lembravam você. Eu sabia que tinha que ocupar minha mente, que deveria me distrair do mundo que criei junto a você, mas era travar uma luta dos deuses dentro do meu peito, por que você estava em todos os lugares. Você estava nas coisas mais belas.

            No bar com meus amigos eu buscava uma risada sincera dentro de mim, mas eu era corroído pela saudade dolorosa que havia ali. Todos tentavam me animar, e eu me sentia pior ainda sabendo que todo mundo enxergava como eu estava péssimo por sua causa. E se ninguém estava por perto eu voltava a me sentir sozinho e pensar nas possibilidades mais absurdas que poderiam trazer você de volta para o meu mundo. Como eu era ingênuo! Eu sempre fui bom nessa coisa de alimentar ilusões.

            Conheci uma moça loira nesse dia do bar e ela disse um “Oi, tudo bem?” com um olhar de quem sabia que eu estava sofrendo. Era horrível ter que fingir estar bem, quando dentro de mim tudo desabava e eu não achava onde me segurar. Voltava todos os dias para casa numa jornada que parecia uma eternidade, eu olhava para cada esquina e praça da cidade lembrando que em todos os cantos a gente já tinha trocado um beijo e um pedaço da nossa história agora perdida. Eu voltava num passo lento, puxando na minha mente cada resquício de você, e tentando aos poucos ir deletando aquilo da minha cabeça, e adivinha só? Missão não cumprida!

            Eu sonhava com você todas as noites, eram sonhos tão maravilhosos, de nós dois juntos, viajando, desbravando o mundo e se amando em cada paisagem que pudesse existir na Terra. Eu acordava vazio, frio, no silêncio. Eu tinha vontade de sair de casa de pijama mesmo, direto para o portão da sua casa, tocar a sua campainha e jurar todo meu amor por você ali mesmo, te pedir em casamento, te dar todas as estrelas do mundo e todos os beijos que um ser humano fosse capaz de dar... Mas que fraco eu sou! Ser rejeitado por você tem sido uma das mais duras realidades de  se aceitar até então na minha vida.

            As aulas eram mais cinzas, as tardes mais nubladas do que nunca. Foram tantas vezes que bati na sua porta e você não saiu, tantas vezes que te escrevi e você não leu, tantas vezes que me joguei aos seus pés, implorando um porquê e não tive a sua atenção, que eu acabei desistindo de te procurar. “Se ela te ama ela vai voltar!” Eu repetia aquilo que meus amigos diziam todos os dias comigo mesmo, pensando “me ame, me ame, ME AME PELO AMOR DE DEUS!” Sabendo que no fundo ela sequer estava pensando em mim, e que nunca mais nessa vida ela voltaria a tocar a campainha da minha casa.

            Eu parei de torturar todo mundo por causa de você. Eu fingia que havia passado, que eu não dava mais a mínima para você. Alguns amigos ainda perguntavam, e eu conseguia convencê-los de que suas memórias não habitavam mais meus pensamentos mais recentes. Eu até lembro de no mesmo bar de sempre ter encontrado aquela mesma loira de dias atrás, e quando ela me perguntou dessa vez se estava tudo bem, eu sorri um riso amarelo, que ela não saberia diferenciar sem me conhecer tão bem, mas podia sentir que eu estava melhor sim! Eu conversei, bebi e me diverti uma noite inteira com meus amigos, pela primeira vez, sem me lembrar de você.

            Dizem que existem várias fases do luto de um grande amor. Eu ainda acho que existe apenas uma, que chama “dor do caralho” e que demora MUITO para passar! “Cada um tem seu tempo” é o que dizem também, mas ainda acho que ninguém aprendeu a superar um amor tão rápido assim, que não dure quase uma vida. Eu comecei a jogar tudo que era seu no lixo, apagar fotos, formatar a minha vida inteira. Me entreguei a novos hobbies e costumes, e de fato aquilo ajudava, mesmo que você ainda estivesse em mim como o maior amor que poderia existir. Como dizem “Você só vai conseguir esquecer quando realmente quiser esquecer” e dessa vez eu concordei, por que a gente aceita que tem que esquecer, mas no fundo a gente não quer, demora!

            Eu já não chorava mais todos os dias, eu conseguia passar um dia sem sentir sua falta, talvez estivesse me acostumado à ausência. Eu de fato parecia estar curado, mas era impressionante como ninguém mais conseguia me cativar como você. Como todas as referências de amor ainda remetiam a sua pessoa. Eu não sofria mais, só que tinha medo de passar uma vida inteira pensando em você como o grande amor da minha vida que eu perdi. Eu estava ótimo, mas corria do amor. Só de lembrar da altura que cai, quando você foi embora e me largou em cima do nosso castelo sozinho, eu tenho vontade de nunca mais querer amar ninguém como amei você. As coisas mais belas ainda eram você!

            Eu mais uma vez no bar com meus amigos, lembro de contar pela milionésima vez a nossa história, só para eles me dizerem todas as coisas de sempre e me fazerem sentir mais confortado pelo trauma que foi ter te conhecido. Mas tudo bem! Eu estava bem, eu ria, eu contava piadas. Eu me esquecia de você logo depois de falar sobre você, e isso era fantástico! Eu encontrei mais uma vez a moça loira no bar, e dessa vez eu que falei com ela, sorrindo e realmente interessado na conversa casual que a gente tinha ali. 

          Eu me recordo de acordar numa manhã de sábado ensolarada, estava um dia maravilhoso! Coloquei o rádio para tocar bem alto e sai cantando e dançando pela casa. Eu não sabia da onde vinha toda aquela felicidade, mas estava ali, de repente, dentro de mim. Uma música nossa tocou, e eu nem percebi! Eu sai de casa e vi um casal sentado no banco da praça namorando, e eu sorri para o amor deles! No caminho de volta para casa, eu vi uma moça no ônibus com uma tatuagem linda de uma coruja em aquarela, e eu na hora, automaticamente, travei um diálogo comigo mesmo “Nossa, sabe quem ia adorar essa tattoo!? A loira do bar!” Peguei meu celular do bolso e enviei uma mensagem sem sequer ver que horas marcavam no relógio...


            
*CURTE AI!!


2 comentários: