sábado, 5 de agosto de 2017

Sozinho na rua






‘A gente conhece tão bem que sabe exatamente onde encontrar a pessoa 3 dias depois que ela vai embora. ’
‘...Bom, a gente tentou! ’
‘Não. Eu tentei! Você desistiu. ’

Desligou aquela baboseira na TV e pôs seu perfume com bastante exagero. Estava pronto para sair, pegou o celular e colocou as coordenadas no GPS. No caminho cantava tranquilamente sua Playlist de sábado enquanto observava as luzes da cidade.

Chegou ao cinema e lá estava ela. Mal tiveram tempo de se conhecer formalmente, o filme ia começar. Situação chata de conhecer a pessoa pessoalmente em 5 min na fila da pipoca, mas tudo bem! O filme era ruim, e só depois de 80% dele que ele a beijou (até porque ela quase teve que agarrá-lo).

Depois do filme mal tiveram tempo de conversa de novo. Ela chamou um táxi e o intimou a ir com ela. Ele achou ali que talvez fosse perder um fígado e a vida por uma foda de primeiro encontro. Graças a deus estava errado, era só uma foda inofensiva, sem extração de órgãos para o mercado negro.

Essa postura dominante dela o deixou desconcertado. Era difícil agir, não sabia bem como lidar. Estava acostumado a orquestrar tudo sozinho, o grande mestre dos encontros casuais e sem futuro. 

Ela pegou ele desprevenido e subiu em cima dele na cama. Começou a tirar a sua roupa e beijar o seu corpo com muita vontade. Ajoelhou no pé da cama e o chupou sem tirar os olhos dos olhos dele. Ele retribuiu o oral com total técnica e habilidade em línguas. “Melhor oral da minha vida” ouviu ele, sorrindo por lembrar que ouvia isso com frequência, mesmo sabendo que cerca de 70% das vezes era mentira.

“Você gosta de apanhar? ”. Perguntou. Ela ficou pensativa e disse que não sabia, nunca havia pisado nessas margens. Não custar testar. Ele então soltou um tapa na cara dela. Ela esboçou uma expressão de gosteinãogostei, mas tudo bem. Levaram aquilo numa boa até o final, foi de uma boa nota 7,5 afinal.

“Você é única na cama” disse ele sentindo que sequer fez esforço para mentir, e que ela havia notado. Deitaram lado a lado e ficaram em silêncio, ela acendeu um cigarro. Ela parecia nem notar ele ali. “Então... Posso te chamar como? Linda, gata, princesa, mozão, sereia, flor, deusa...” dizia ele em tom de brincadeira para quebrar o gelo. “Que tal Kátia? ” Ríspida “É, Kátia parece ótimo”...

“A gente podia levar isso numa boa sem ficar mentindo um para o outro né? Entendo que você é assim para seduzir suas paqueras, mas às vezes (e no caso) é só um orgasmo, então relaxa aí. ” E ele concordou com a cabeça meio sem saber como responder.

Ela levantou e entrou no banho. Ele ficou ali um instante analisando tudo aquilo. Que mulher fantástica era aquela. Diferente das que ele costumava passar a perna. Por um instante cogitou a ideia de estar começando a se interessar por ela. Assustado colocou as roupas correndo e saiu de lá sem dar tchau.

Pensou em bloquear o contato dela mas decidiu que não. Ela jamais mandaria uma mensagem, era sabido. Tinha essa coisa dentro dele, uma covardia sem fim, beirava a falta de caráter. Não tinha muita vontade de entender o porquê, algo no passado talvez. Mas segue o baile, a baboseira de sempre na TV e o perfume em excesso para mais um final de semana.

Nenhum comentário:

Postar um comentário