‘A gente conhece tão bem que sabe exatamente onde encontrar a
pessoa 3 dias depois que ela vai embora. ’
‘...Bom, a gente tentou! ’
‘Não. Eu tentei! Você desistiu. ’
Desligou aquela baboseira na TV e pôs seu perfume com
bastante exagero. Estava pronto para sair, pegou o celular e colocou as
coordenadas no GPS. No caminho cantava tranquilamente sua Playlist de sábado
enquanto observava as luzes da cidade.
Chegou ao cinema e lá estava ela. Mal tiveram tempo de se
conhecer formalmente, o filme ia começar. Situação chata de conhecer a pessoa
pessoalmente em 5 min na fila da pipoca, mas tudo bem! O filme era ruim, e só
depois de 80% dele que ele a beijou (até porque ela quase teve que agarrá-lo).
Depois do filme mal tiveram tempo de conversa de novo. Ela
chamou um táxi e o intimou a ir com ela. Ele achou ali que talvez fosse perder
um fígado e a vida por uma foda de primeiro encontro. Graças a deus estava
errado, era só uma foda inofensiva, sem extração de órgãos para o mercado negro.
Essa postura dominante dela o deixou desconcertado. Era
difícil agir, não sabia bem como lidar. Estava acostumado a orquestrar tudo
sozinho, o grande mestre dos encontros casuais e sem futuro.
Ela pegou ele desprevenido e subiu em cima dele na cama.
Começou a tirar a sua roupa e beijar o seu corpo com muita vontade. Ajoelhou no
pé da cama e o chupou sem tirar os olhos dos olhos dele. Ele retribuiu o oral com
total técnica e habilidade em línguas. “Melhor oral da minha vida” ouviu ele, sorrindo
por lembrar que ouvia isso com frequência, mesmo sabendo que cerca de 70% das
vezes era mentira.
“Você gosta de apanhar? ”. Perguntou. Ela ficou pensativa e
disse que não sabia, nunca havia pisado nessas margens. Não custar testar. Ele
então soltou um tapa na cara dela. Ela esboçou uma expressão de
gosteinãogostei, mas tudo bem. Levaram aquilo numa boa até o final, foi de uma
boa nota 7,5 afinal.
“Você é única na cama” disse ele sentindo que sequer fez
esforço para mentir, e que ela havia notado. Deitaram lado a lado e ficaram em
silêncio, ela acendeu um cigarro. Ela parecia nem notar ele ali. “Então...
Posso te chamar como? Linda, gata, princesa, mozão, sereia, flor, deusa...”
dizia ele em tom de brincadeira para quebrar o gelo. “Que tal Kátia? ” Ríspida
“É, Kátia parece ótimo”...
“A gente podia levar isso numa boa sem ficar mentindo um para
o outro né? Entendo que você é assim para seduzir suas paqueras, mas às vezes
(e no caso) é só um orgasmo, então relaxa aí. ” E ele concordou com a cabeça
meio sem saber como responder.
Ela levantou e entrou no banho. Ele ficou ali um instante
analisando tudo aquilo. Que mulher fantástica era aquela. Diferente das que ele
costumava passar a perna. Por um instante cogitou a ideia de estar começando a
se interessar por ela. Assustado colocou as roupas correndo e saiu de lá sem
dar tchau.
Pensou em bloquear o contato dela mas decidiu que não. Ela
jamais mandaria uma mensagem, era sabido. Tinha essa coisa dentro dele, uma
covardia sem fim, beirava a falta de caráter. Não tinha muita vontade de
entender o porquê, algo no passado talvez. Mas segue o baile, a baboseira de
sempre na TV e o perfume em excesso para mais um final de semana.
Nenhum comentário:
Postar um comentário