sábado, 5 de agosto de 2017

Escondido sob a luz do dia






Chorei sozinho a madrugada inteira.... Tinha a certeza de que ninguém apareceria para me salvar. Aliás, era a única certeza que eu tinha. E isso me deixava desesperado. Nunca foi fácil viver a vida, convenhamos, mas às vezes ela se torna um fardo terrível. 

Realmente ninguém apareceu, mas aos poucos a gente percebe o quão exigente somos com nós mesmos. A gente se cobra horrores, para ser perfeito, para ser feliz...

Existem certos momentos em que a gente quer sumir, cavar um buraco e desaparecer do planeta. Voltar só daqui uns 30 anos no futuro. Infelizmente a gente não pode, não existe esse caminho. A gente se sabota, se coloca de propósito em posições difíceis, como vítima, como injustiçado, como quem não se importa com nada nem ninguém.

Depressão virou modinha, look blasé do novo século. É impressionante como é difícil enxergar a gravidade disso. Às vezes acho que só vivendo para entender o quão perturbador é. O quão difícil é lidar com o que a cabeça humana é capaz de produzir. E por isso, às vezes, fico feliz em ver quanta gente age tão errado ao lidar com isso, sinal de que elas estão a salvo.

São tantos conselhos inúteis, tantos ataques gratuitos, tantas ordens e manuais de instrução. Ninguém para um instante sequer para oferecer uma mão. Um abraço. Cinco minutos de carinho ou um “foda-se tudo isso! Vamos passar por isso juntos! ” Tem gente querendo se matar todo dia com a ajuda que vocês acham que dão. A gente se machuca mais facilmente, fisicamente, mentalmente...

Eu dei um grito de socorro, muita gente correu para longe, muitas pedras chegaram voando, e só uma mão foi estendida. Penso que por muito pouco esse texto nem escrito estaria sendo. A delicadeza da bomba relógio que ninguém sabe desligar. Tem que ter muita força para erguer a cabeça, tem que ter muito caráter para se envolver.

Um dia de cada vez a gente chega lá... Que deus fortaleça quem nega ajuda a quem precisa. E que melhores dias venham, longe dessa escuridão, longe dessa falta de energia. Talvez um obrigado, ainda estou vivo. Talvez.

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