O tic-tac do
relógio parecia uma escola de samba de tão alto, o silêncio ali me mantinha
paralisado. Estava fixo no imenso sofá, deitado e encarando as paredes da sala.
O pé tremia levemente de ansiedade e a TV ligada estava no mudo. Um leve vento
soprava as cortinas e minutos pareciam horas infindáveis. Quando estava prestes
a dormir ali, o celular vibrou. Era ela, estava enfim chegando. A campainha
tocou.
Ela passou pela porta e quando seus
olhos cruzaram os meus a conexão foi estabelecida com sucesso, estávamos em
sintonia perfeita. Um sorriso se abriu no seu rosto, e muito provavelmente eu
me derreti em segundos. Ela estava linda, me deu um abraço aconchegante e pude
sentir o cheiro do seu perfume, a segurei por mais um tempo.
Ela deixou a bolsa sob o sofá e ali
mesmo nos deitamos, eu fiquei olhando seus belos cabelos negros cascateando
pelas suas costas enquanto ela não notava. A TV já não mais no mudo reproduzia
sons e imagens que me fogem da memória. Ela repousou a cabeça sob meu peito, e
ficou ali por minutos enquanto eu fazia um cafuné nos seus cabelos e sentia o
cheiro de shampoo invadir meu olfato.
Fiquei olhando pra ela sem ela
perceber, até que ela se virou e fitou meus olhos. As palavras falharam, eu bobeei
um sorriso e os olhos permaneceram fixos. Com uma das mãos, delicadamente
segurei seu rosto e sem tirar os olhos do seu olhar a puxei pra mais perto, e
então nossos lábios se tocaram. O beijo perdurou enquanto ela se ajeitava pra
mais perto de mim e eu a segurava pela cintura. Ela se afastou sorrindo “que
calor” e tirou a blusa. Seu decote me hipnotizou por um tempo que me falha a
mensura, mas logo voltei ao seu rosto e repetimos por várias vezes aquele
beijo.
Eu ali deitado no seu peito podia
ouvir seu coração batendo e ela acariciando minha barba parecia viajar por outros
mundos. Peguei-a no colo e a deitei naquele imenso tapete aos pés do sofá.
Beijei seu rosto, seu pescoço, sua barriga. E ela me puxou envolvendo as pernas
sobre mim. Uma das minhas mãos se perdeu dentro da camisa dela enquanto as dela
já tiravam a minha. A temperatura subiu e nada mais parecia importar.
Pisquei os olhos saindo daquele
transe, o tic-tac do relógio parecia uma escola de samba de tão alto, o silêncio
na sala me mantinha paralisado. Eu estava ali sozinho no imenso sofá olhando
pras paredes, a TV ligada no mudo e o vento entrando pela janela, o celular
vibrou. Era ela, estava chegando. A campainha tocou.
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