terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Vinho, caixa postal e amor.


Hummmm, oi, sou eu. Você deve estar sem sinal ainda, mas preciso muito falar com você agora, mesmo que tudo isso não faça mais sentido quando você ouvir esta mensagem de voz. Talvez faça, não sei como vão estar as minhas ideias amanhã, você sabe que não faço muito sentido de um dia para o outro. Eu acabei de beber uma garrafa de vinho sozinha, em casa mesmo, e fiquei lembrando daquela noite que bebemos e ficamos olhando a lua, lembra? Aquele dia conversamos tanto, e parecia que a sua lucidez me atraía cada vez mais... Ah, não liguei para falar sobre isso, lá vou eu me dispersando como sempre! Bom, vamos lá. Primeiro eu gostaria que soubesse que sinto sua falta. Sinto falta das nossas tardes fazendo nada juntos. Sinto falta das nossas longas noites sem dormir, e principalmente do seu sorriso quando ia me buscar na faculdade. Sinto falta de quando você me chamava de chata, e dizia que eu ficava mais bonita brava. Sinto falta dos seus beijos, seus abraços, suas mordidas, seu carinho no meu cabelo, suas massagens nos meus pés (depois que eles já estavam podres de tanto salto), enfim, eu sinto sua falta. Nunca fui muito carinhosa com você, deve ser porque tinha medo que soubesse o quanto você mexe comigo. Na verdade tudo isso ainda me assunta muito, é tudo novo para mim. De repente você entrou na minha roda de amigos e se tornou o mais especial entre eles. Ah, por favor não me ligue ao ouvir esta mensagem, preciso de um tempo sozinha, você me conhece, sabe que preciso organizar minhas ideias, então não aguardo resposta tão breve. Meu intercâmbio está chegando, você também vive viajando, então acho que vai ser meio difícil matar essa maldita saudade. Tenho tantas novidades para te contar, to adorando o trabalho voluntário, está sendo uma das melhores experiências da minha vida! Obrigada de verdade por todo apoio, por acreditar em mim! Eu também acredito em você, confesso que deve ser a única que acredita nos seus sonhos malucos. To parecendo uma boba te falando tudo isso, né? Não leve a mal. Pode ser tarde, mas eu preciso que você saiba que você mexeu comigo, é sério! Obrigada por me fazer apreciar as coisas simples da vida, obrigada por me fazer menos mimada e egoísta. Sei lá, eu fico satisfeita com você, e eu nunca fico satisfeita com nada! Hoje percebo o quanto foi em vão todo aquele joguinho que fiz, sabe? De sumir, para ver se fazia falta, de ignorar para não demonstrar afeto. Eu deveria ter aproveitado mais cada instante que você estava por perto. Por que a nossa sociedade é assim? Sempre tem que ter esses joguinhos entre homens e mulheres, essa disputa idiota de quem é mais forte, de quem ama menos. Lembra aquela vez que discutimos no caminho da sua casa e você parou o carro, olhou pra mim sem dizer nada e roubou um beijo? Pois é, naquele momento gostaria que você soubesse que eu descobri que já era amor. Hum, nem eu acredito que acabei de dizer essa palavra, mas é verdade. Enfim, seu caixa de mensagens já deve estar cheia das minhas bobagens, e preciso beber mais um pouco para digerir essa palavra que me assombra tanto. Boa viagem, volta logo. Se cuida, e passa em casa cuidar de mim, talvez.
Nicoly de Paula Costa


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