Lá de cima me via estatelar-se ao
chão, e com o som opaco do descalabro, o silêncio enfim enchia a noite vazia.
Fechei os olhos com força, eliminando a única lágrima que sistematicamente caia
pelo lado esquerdo do meu rosto. E ao levantar deparei com a total escuridão me
encarando. Tinha olhos cintilantes, pequenos, porém brilhantes, julgando minha
postura frente a eles. Tomei meu ar com postura, estufei o peito e encarei cada
um dos infinitos que me observavam, até que parei naquele que me parecia ser
meu próprio reflexo, a imagem de um eu passado, ou talvez um eu futuro.
Caminhei com a brisa da noite sob o peitoril estreito, como criança na sarjeta,
brincando com o único bem que detinha. Olhei para o chão, fundo... Olhei para o
céu, vasto...
‘Eu não estou pronto’, disse
fechando os olhos. Ainda enxergava um caminho à frente. Era os desvios que postergavam,
ou o tempo que, rápido demais, fluía me mantendo na retaguarda. Não sei se já esgotei
todos meus segundos, mas clamo para que possa encontrar o que me trouxe até
aqui. ‘Me deixe encontrá-la’, disse mais uma vez para as estrelas...
Eu não sabia de quem eram os
olhos misteriosos, não sei se fugia de alguém ou de mim mesmo, então fechei os meus,
e a escuridão silenciou a noite. Eu ouvia o relógio marcando os passos que eram
deixados para trás, andei conforme o ponteiro ditava, em círculos uniformes. Quando
perdi meu norte, enfim, me entreguei ao destino que o céu estrelado me
guardava, o vento me empurrou suavemente, continuei de olhos fechados, levado,
guiado. Antes de atingir o chão, então, ficara sabido que desistir não era uma
opção. E mesmo que abstrato, antes tardiamente do que jamais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário