domingo, 1 de junho de 2014

Nem Foi Tempo Perdido


            Um dia todos nós vamos morrer.
            Um dia todos nós desapareceremos dessa existência. E me diga o que é que restará?
            Daqui a gente não leva nada, nem dinheiro, nem troféus, nem nada que se possa intitular ou comprar. Então, o que é que sobra afinal?
            Deixamos apenas a nossa marca por aqui... Quando eu não habitar mais esse plano o que vai ficar de mim serão as boas ações que pude fazer, serão as cartas que escrevi, as pessoas que amei, os sonhos que compartilhei, as palavras que joguei ao vento e viraram história nos ouvidos alheios, os inimigos que eu fiz, as palavras rudes e desnecessárias que saíram da minha revolta, o meu amor por aqueles que me deram motivos para viver, a minha história gravada nos textos que escrevo, nas músicas que eu cantei e na boca de cada um que viveu e conheceu um pedaço de quem eu sou.
            Há quem um dia preencheu sua vida de maneira tão singular e intensa que hoje ao ver essa mesma pessoa tão longe e vazia de significados no atual presente nos deixa um amargo pesar na alma.
            Eu gosto de ficar, até mesmo quando eu tenho que ir embora eu gosto de ficar. Não importa o que aconteça, me leve com você. Eu sou do tipo que escreve cartas, que frisa centenas de vezes detalhes olhando no fundo dos olhos. Eu gosto de deixar a minha boa impressão nas pessoas, mesmo naquelas que um dia eu magoei, elas terão algum lugar para confessar que eu já deixei algo bonito de mim marcado nas suas vidas, que hoje vibram em outros timbres longe da frequência da minha.
            E de você? O que eu vou levar? Daqui um tempo quando nossos caminhos se separarem, quando não trocarmos mais conversas cotidianas, me diga o que eu vou ter de você. O que você me escreveu, que presentes me deu, que surpresas me fez, me diga aonde vou olhar quando quiser lembrar que você já habitou um pedaço importante do meu coração?
            É triste pensar em como as pessoas não demonstram, como sentem medo, como não enxergam que o futuro apagara tantas lembranças e recordações, e que restará apenas o cinismo. Eu queria guardar um pouco de amor seu aqui comigo, algumas cartas, umas noites quem sabe, talvez um presente, uma lembrancinha, um papel de bala. Mas tudo que sobrou foram meus presentes a você, que voltaram e criam poeira no topo do meu guarda roupa.
            Há tanto não te vejo, há tanto não te beijo. Ainda me pergunto se me lembro do seu perfume, que tão rápido deixou de habitar os meus lençóis naquela tarde de sexta feira. E eu aqui em outra sexta feira tão longe, me perco em risadas e entre amigos, olho pra tudo e me pego de novo madrugada a fora dirigindo na cidade deserta, os vidros molhadas de sereno e eu dentro do carro silencioso cruzo os semáforos vermelhos pensando comigo aonde é que nos perdemos exatamente. Uma madrugada tão fria e silenciosa que explode em ecos de pensamentos quando cruzo a esquina da sua casa, mais uma vez.
            Sábado à noite as pessoas esbarram em mim e pisam no meu tênis, mas eu sorrio de volta e sento num canto onde possa observar cada um ali. Debruço minha cabeça no ombro de alguma menina bonita e conto quantos sorrisos passam por mim dignos de uma paixão tão sensual e pura como a minha por você. No meu dicionário eu ainda não conhecia amor sem rosas, carinho sem afeto e boa noite sem beijos sinceros.
            Quem no mundo não gostaria de um amor tranquilo, com promessas e juras de amor. Até mesmo você sonha com isso, tanto que não alcança a realidade do buraco em que caímos. A madrugada caiu de novo e eu me permiti me apaixonar pelos sorrisos que ali cruzavam meu olhar. Juro que cheguei a me encantar com um deles, tanto que me esqueci completamente de você naquela madrugada, me faz pensar que é só uma questão de tempo para eu voltar ao inicio do texto e lembrar que se um dia você me amou, mesmo que de forma ínfima, você se esqueceu de demonstrar com mais afinco e coração aberto. Dê uma olhada na nossa história escrita pelos cantos do seu quarto aonde você guarda tudo aquilo que eu te dei, e saiba que daqui um tempo você ainda terá tudo de um amor que ficou perdido, enquanto eu me contentarei com o esforço de tentar recordar de todos os momentos bonitos que tivemos em meio a tanto caos... Mas mesmo antes da madrugada acabar, e eu deixar aquele sorriso novo e bonito para trás, eu volto pra casa desejando você mais do que tudo nesse mundo.
            Não posso mais te dar a parte mais bonita de mim, você já a tem e não parece merecer tudo isso. Eu ainda espero que você entenda o que você está jogando janela afora com argumentos e prisões pessoais de fundações tão rasas. Espero que não seja tarde, espero que não se arrependa, espero que não viva uma vida inteira se lastimando por não ter tomado a decisão que seu coração gritava dentro de você... Vou fechar aqui esse décimo sexto texto falando sobre você, por que já sinto que desperdiço amor dando ele a quem não me dá nada em troca. Tudo acaba tão vazio. Espero que se um dia voltar a escrever sobre você seja pra dizer como você me faz feliz, mas tudo depende de você e da sua incansável busca por respostas. Até lá eu vou viver minha vida e apostar talvez em outros sorrisos, buscando alguém que realmente mereça minhas cartas, meus textos, meu tempo, meu amor. E só o tempo pode tirar o seu posto do meu coração.

            Independente de quem eu vá amar amanhã, fazendo loucuras com poesias e rosas, eu espero que seja breve. Por que aqui dentro habita uma angustia infindável de encontrar afinal alguém que desminta que o mundo está cheio de pessoas vazias e incapazes de amar um louco, instável, cheio de defeitos e sentimental apaixonado como eu.

****CURTA aqui embaixo se gostou. Obrigado.

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