segunda-feira, 29 de julho de 2013

Controle



Ainda lembro como se fosse ontem o dia em que vivi um grande amor. Aquele tipo de amor dos sonhos, talvez poucos saibam o que eu quero dizer aqui, mas ele passou, e eu fui forçado a deixar pra trás o melhor tempo da minha vida. Entrei em uma depressão profunda, cheguei a querer a larga tudo que tinha na vida, era como se o pedaço mais importante de mim tivesse ido embora, e aquela dor parecia interminável, era quase impossível parar e me enxergar anos depois daquilo sem nenhuma sequela. E assim foi, eu mudei muito, eu superei aquilo, e só Deus é testemunha do preço que eu paguei. Me tornei uma pessoa fria, perdi o interesse nas pessoas, nas coisas bonitas, larguei Deus como se tudo não passasse de besteiras e alegorias de uma vida estúpida. Aprendi a viver, passei anos vivo e respirando um ar gostoso, me sentindo forte e poderoso, nesse meio tempo eu conheci pessoas, exclui outras, magoei algumas várias por ser o cara fechado que tinha construído um muro em volta dos sentimentos e dos pensamentos, o cara que não tinha motivo para sorrir atoa, por que a vida era um simples jogo de vídeo game e o game over seria o mesmo, então pra que se envolver com o mundo? No final a dor só seria maior. Eu fui esse cara, cheguei um dia a ter medo de mim mesmo em descobrir que não conseguia mais chorar, as lágrimas se foram, sumiram e não apareciam por nada, perdi pessoas da família pra morte e grandes amizades para o mundo, e nada parecia abalar aquele rebelde sem causa que vivia com a única ideologia da ambição, do sucesso, reconhecimento e prazer de desvendar as coisas, mas tudo sem emoção alguma, tudo com aquela sensação de imparcialidade, de que nada estava completo. A vida ensina a gente muitas coisas, e essa fase passou quando eu encontrei uma pessoa que me ensinou que era possível ser feliz se envolvendo emocionalmente com o mundo, uma pessoa que aceitou meus defeitos, meus erros e a minha vida. Um pessoa que olhou nos meus sombrios olhos e disse que estava disposta a me amar. Foi difícil, mas aquela magia foi quebrando aquele gelo dentro de mim, e eu sabia que não seria mais o mesmo, eu estava vulnerável e tinha medo, mas eu me deixei vencer, quando aqueles olhos choravam na minha frente eu podia sentir a sensação de estar vivo, de poder expressar a humanidade que Deus nos deu, e assim eu me entreguei, e acreditei que como da primeira vez eu viveria o amor verdadeiro, só que dessa vez seria perfeito, além do mais, tempo demais já havia sido desperdiçado e eu tinha que lutar por aquilo. E valeu ter lutado, eu ganhei momentos inesquecíveis, vivi aventuras inimagináveis, viajei, amei, me dei e ganhei tudo em troca, amor, cartas, músicas, olhares, tudo com aquele amor mútuo que a gente sente quando está conectado com outra pessoa. Shows e noites em claro, muito carinho, afeto e vontade de nunca perder cada singular momento que se tinha um ao outro, foi ótimo, como eu poderia deixar de lembrar? O problema é que mais uma vez a vida me tirou esse direito de ter o amor dos meus sonhos, e agora eu me pergunto, valeu ter me aberto de novo? Se valeu eu vou voltar a me fechar de novo? Quem sou eu afinal?  Será que isso é um fim? Talvez o momento de se fechar de vez, reconstruir todo aquele muro de volta, bloco a bloco e voltar a ser o cara admirável que arranca suspiros e inveja de todos, o cara que tem a frieza de lidar com todas as situações e resolver qualquer problema, será? Ou vou continuar travado aqui, me baseando em falsas esperanças, aplicando a fé e a ilusão em devaneios infindáveis que vão acabar me matando aos poucos?  O que será que vai ser desse meu mundo mesquinho de pecados, erros e blasfêmias. Talvez eu não tenha aprendido a viver, não sou perfeito, mas eu quero estar preparado para nunca mais sentir dores como essa, que parecem me arrastar para um estado inferior daquele que eu me encontro, o objetivo não é regredir, e eu espero poder evoluir sabiamente, sabendo ser feliz conjuntamente entendendo as minhas limitações de jamais ser uma pessoa perfeita e dona do controle absoluto do mundo.

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