domingo, 21 de abril de 2013

Um domingo de Estórias.




Tremulo e sem jeito, balbuciava algumas palavras incompreensíveis pela boca, bem baixinho, quase que calado, parado, estático. Olhava o horizonte e via o brilho singular do sol por aquele ângulo específico, tinha a ponta dos dedos fria e estava tão perdido em pensamentos que mal piscava. Estava maravilhado e aprisionado nela.

Os cabelos levemente ondulados desciam por suas costas como uma cascata de fogo vermelha, que brilhava e emitia calor quanto mais fosse à incidência do sol sobre eles. Ela virou quase que em câmera lenta, ele fitou seus olhos castanhos perdidos por entre a maquiagem e ficou hipnotizado pela sua pele branca e sua fisionomia angelical. A boca se abriu involuntariamente, ele nem pode disfarçar, seus trejeitos eram encantadores e seu sorriso era como uma rajada de sonhos que o atingia tão forte que ele podia se sentir caindo para trás.

Ele pegou a sua mão, a levou para bem longe dali, estendeu um pano sobre a grama verde, debaixo de uma árvore e se sentou. Ele fitou-a nos olhos e sorriu em ver seu rosto rosado reluzindo ao sol, levou uma das mãos na sua bochecha e passeou pelos seus cabelos estacionando na sua nuca, puxou-a gentilmente e ternamente na sua direção e a beijou.

Eles perderam um dia todo sorrindo por entre os mares de morro que se estendiam ao infinito do horizonte azul. Seguravam as mãos e se olhavam como se uma palavra não precisasse ser dita, trocaram presentes e ele lhe entregou uma rosa que havia roubado do campo. Ela sorriu timidamente e ele a abraçou como se fosse uma última vez.

Eles assistiam ao filme juntos e ela se debruçava ao seu peito perdida em sono, e enquanto dormiam ele a abraçava e lhe dava um beijo de boa noite arrumando seu cabelo em cima dos travesseiros. Ela tinha as mãos leves, doces, e ele se iluminava com a graça do seu andar e o eco da sua voz nos seus ouvidos.

Ele estava apaixonado de tamanha dimensão que chegava a ser hipócrita para si mesmo em sentimentos de razão. Apoiava sua mão sob sua cintura e a puxava para seu lado, a beija e dizia que a amava, ela retribuía vezes com palavras, vezes com sorrisos e ele podia sentir através do seu olhar um sentimento que só seria possível se enxergar depois de toda uma história de amor.

O ônibus passou por uma falha no asfalto e ao pular ele saiu do seu transe, percebeu que todas as pessoas ali estavam voltando para suas casas cansadas, perdidas em deveres e problemas, e a ruiva ainda estava lá, do outro lado do ônibus, ela chegou a sorrir pra ele, ou talvez fosse mera impressão, mas ela desceu no ponto seguinte e ele suspirou excluindo e reciclando cada um dos seus pensamentos, arrependido e inconformado de não ter ido até lá e dito com toda a autoridade e ousadia do mundo - Boa tarde!

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