Fugir não
adianta em nada. É só uma tentativa de se afastar dos problemas, mas eles
permanecem, pois a vitória só chega pra quem enfrenta, e esse é o mal de quando
ela está sobrecarregada, fugir lhe parece mais fácil, fechar os olhos, ir pra
outro lugar, onde tudo pareça melhor.
A chuva descia
pela janela embaçada e o rádio ligado abafava o som das gotas se espatifando no
piso da garagem. Ela buscava se esconder do que quer que fosse que estivesse
ali fora, se afundava no sofá e elevava sua mente para bem longe desse mundo,
onde talvez, aqueles pesadelos não a tomassem de ódio e medo.
A noite era
fria e ali sozinha debaixo do edredom ela soluçava um misto de dor com cansaço,
e repudiava aqueles pensamentos que não a deixavam em paz. A noite era difícil,
quantas mais passariam em claro? O problema era a certeza de que tinha que
esquecer aquilo tudo. O peso era grande demais e nem aquele sol logo de manhã
poderia absorver aquela mente confusa.
A partir do
momento em que ela abriu o vidro do ônibus e sentiu uma leve brisa passando
pelos seus cabelos foi que ela decidiu, decidiu que queria ser leve como o ar
que dançava pelo relevo suave da planície de gramíneas que se estendia por todo
o vale. Então ela foi ao combate, foi enfrentar, lutar, e garantir as respostas
e soluções dos seus ínfimos problemas.
Não foi fácil,
não costuma ser fácil, a vida é um obstáculo para todo mundo, mas há de passar,
para tudo existe solução, e como sempre, independente de tudo, ela voltava mais
leve aquela noite, podia ouvir a chuva com compaixão ao lado de fora, e sabia
que sua vitória se estendia por ai, ligando não só a sua vida, mas muitas outras.
Então deitou na sua cama, a noite era silenciosa.
Conseguiu
dormir.
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