quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

O Tempo Das Nossas Vidas




Era repleto de arrependimentos aquele coração, e nada mais era reversível a essa altura, ele até podia sorrir, mas aquele suspiro carregava o peso da vida mal vivida, tinha as marcas no rosto do tempo perdido, e pela última vez assistia aos flashes dos anos já envelhecidos na sua memória. Uma lágrima escorria do seu rosto e ele tinha certeza de que nada mais poderia fazer, o céu era lindo lá fora por trás da veneziana branca.

Ele tinha os movimentos lentos e aplaudia aquela canção de aniversário feliz, vendo seus poucos amigos e família ali. Tantas velas e recordações, ele pôde sentar um pouco e relembrar todos aqueles anos que passaram despercebidos, algumas risadas, alguns arrependimentos e até alguns poucos projetos. A vida era difícil, se tinha tempo, mas a energia era uma dádiva.

Cheio de vida preparava o jantar daquela noite, a casa era bela, recém-construída e com um toque original que tirava um sorriso dele todas as noites agradecendo o que construirá. Ele estava cansado e logo tirou os sapatos pra dormir, o tempo era curto, tinha muito trabalho pra amanhã, mas era boa a sensação de se viver uma vida cheia de luxos e poder.

Ele mal ouvia a própria voz com aquela música alta, algumas garotas passaram pelas suas mãos naquela noite, enquanto a outra equilibrava o copo de cerveja, e seus amigos riam das coisas bobas da vida, talvez fosse fria aquela noite, mas o calor no corpo trazia um pequeno arrependimento dos estudos do dia posterior, e o dinheiro era como aquela dose na sua mão, acabou antes que ele pudesse imaginar, assim como aquela noite longa de inverno.

Abriu o embrulho que estava embaixo da árvore e sorriu, mal pode abraçar sua mãe e foi logo mostrar aos amigos, tinha que dormir cedo, mas não tinha muito com o que se preocupar, assistiu mais um desenho na TV e pode dormir bem à noite. Acordou e foi à escola, teve um bom almoço e voltou pra casa, sempre sorrindo e buscando aventuras, olhando pras pessoas sérias de terno na rua e imaginando quando poderia ser respeitado como alguma delas.

Abriu seus olhos e viu uma luz forte, talvez fosse à coisa mais luminosa que veria, mas ainda teria que conhecer o sol, que todas as manhãs estaria ali vivendo aquela vida, as lágrimas caiam dos seus olhos e estranhos ali o olhavam sorrindo, ele foi envolvido pela vida e seria levado daquele lugar para muitos outros, onde encontraria todas as suas vontades e desejos. Mas ele tinha tempo, muito tempo, o suficiente pra não se arrepender de nada, além do mais a vida acabava de começar.

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