quinta-feira, 28 de julho de 2011

Estranhos a nós mesmos.


Toc-toc. Ressoa no ar
Esvazia-se lentamente
Silenciosamente escorre pelas entranhas
Você olha diretamente o sol
O fogo não queima seus olhos
Suas pernas não te obedecem
Você tenta e tenta, você é forte
Busca no fundo do poço a esperança
Tira da dor o brilho puro da alegria
Engole secas as ofensas
Esquece cada amargo pedaço de caminho
E sabe como os sonhos não virão essa noite.
As mangas se encharcam de um doce azul
Que nasce no fundo do nobre sonho
E se apaga em cada segundo do momento
Não adianta, a palavra é: solução.
Não adianta, a solução é retórica.
Ciclos de uma lembrança boa
Despencada em más recordações
Caminha ao espelho, abre os olhos.
Abre os olhos, acende a luz.
Não enxerga nada, não tem nada.
E como uma coisa só
Pensamentos precipitados a sós
Somos tão jovens ainda
E estamos estranhos a nós
Estranhos a nós mesmos.
Na dança dos vaga-lumes projetada
Imagens da incerteza que rodeia
Quantos segundos cabem em volume,
Dentro de um coração?
Talvez mais longas, ou até que não.
Martelam cada careta as noites frias
E ficamos a deriva,
Sempre a espera do milagre
Será mesmo?
Olhamos pras estrelas juntamente
Onde está a concordância comum geral
É só um simples jogo real
Em que perdemos e aprendemos
E continuamos a pedir
Pedir o que queremos
Vai chegar ou vai partir
Mas até lá, ainda,
Somos estranhos a nós mesmos

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